Nacionais investiram 7,2 mil milhões de euros em empresas lá fora em 2024. Países Baixos e Espanha são os destinos preferidos.
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O investimento português em mercados estrangeiros atingiu, em 2024, o segundo valor mais alto de sempre. Foram investidos 7,2 mil milhões de euros em empresas lá fora, sobretudo na União Europeia. Espanha e os Países Baixos são os destinos preferidos dos investidores.
Os 7,2 mil milhões de euros investidos no estrangeiro por parte das empresas portuguesas no ano passado só ficam abaixo do valor de 2011, segundo dados do Banco de Portugal (BdP). Nesse ano, foram investidos 9,8 mil milhões devido a um “efeito mola” que gerou uma expansão do investimento após uma retração recorde em 2010.
Agora, o crescimento acontece pelo terceiro ano consecutivo, dando indicações de ser sustentado. O aumento deste investimento, no ano passado, foi de 26%, por comparação com os 5,7 mil milhões de euros investidos em 2023. Este ano, por sua vez, já tinha representado um aumento de 43% face a 2022. E de 2021 para 2022 tinha quadruplicado.
O stock de investimento português no estrangeiro, que é o acumulado das transações de todos os anos, é agora de 75,3 mil milhões de euros. A Espanha lidera a lista e é o destino de 19,2 mil milhões de euros de investimentos portugueses. Bem perto estão os Países Baixos, com 16,7 mil milhões. No entanto, se considerarmos apenas as transações do ano passado, os Países Baixos foram o principal destino dos investimentos, com 1,7 mil milhões de euros, e a Espanha ficou em segundo, com 1,1 mil milhões de euros.
Compra de ações e casas
Segundo o BdP, o investimento direto “pode concretizar-se sob a forma de capital – por exemplo, através da compra de ações dessas empresas ou de investimento imobiliário – ou sob a forma de instrumentos de dívida – por exemplo, através da concessão de empréstimos ou de créditos comerciais, ou da aquisição de títulos de dívida dessas empresas”.
A mesma instituição explica que o capital investido noutros territórios “potencia o desenvolvimento” dos países estrangeiros, mas “pode proporcionar acesso mais próximo a matérias-primas, ao mercado do produto ou a fator trabalho mais barato” para as empresas investidoras.
O economista Pedro Brinca, da Nova SBE, explica que os dados “são consistentes com duas leituras possíveis”. Ou as empresas se viraram para o estrangeiro “para crescerem e criarem estruturas complementares de internacionalização, ou foi porque as oportunidades de investimento em Portugal não compensam e as outras são mais atrativas”.
O académico destaca que as grandes empresas em Portugal “são quase todas de bens transacionáveis” e os dados confirmam-no, pois as principais áreas de investimento português lá fora são a distribuição alimentar, a indústria transformadora, a construção civil e os serviços financeiros.