O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou, este sábado, que a manifestação convocada pela CGTP está a ser "um acontecimento histórico" em termos de adesão e que "é preciso recuar 32 anos para assistir a uma coisa parecida".
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"Posso-vos garantir que estão perante um acontecimento histórico, em que é preciso recuar 32 anos para assistir a uma coisa parecida", disse o líder comunista aos jornalistas.
O deputado e secretário-geral do PCP falava aos jornalistas no final da rua da Prata, junto ao Terreiro do Paço, onde já estão vários milhares de pessoas concentradas e onde continuam a chegar pessoas vindas de vários pontos da baixa pombalina.
Nas declarações aos jornalistas, o secretário-geral comunista comparou a manifestação de hoje a uma realizada em 1980, também no Terreiro do Paço, contra um pacote laboral do Governo da Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM).
"Esta manifestação é de facto a maior de sempre dos últimos 32 anos, ocupámos o Terreiro do Paço nessa altura e hoje, passado este tempo todo, num quadro em que se procura dar a ideia de que os trabalhadores e o povo são piegas, estão conformados, é uma grande manifestação que demonstra a razão que temos quando dizemos que é preciso ter confiança para acreditar que é possível mudar, travar este pacto de agressão, este ataque aos direitos dos trabalhadores", afirmou Jerónimo.
O líder comunista apontou os trabalhadores como "motor" da manifestação, considerando que "estamos a assistir à confirmação daquela ideia de que hoje o Terreiro do Paço é transformado de facto no terreiro do povo".
Jerónimo confessou mesmo alguma emoção com o que está a acontecer e recordou uma palavra de ordem que "na altura, há 32 anos, se dizia no Terreiro do Paço: 'Se isto não é povo, onde é que está o povo?'".
"Quem viveu este espaço em 1975 e numa grande manifestação também em 1980, a partir daí muitas vezes o povo se juntou aqui neste Terreiro do Paço, mas hoje de facto é o terreiro do povo, da luta contra a exploração, da luta contra este pacto de agressão, uma luta carregada de esperança", disse.
Questionado sobre se acha que o Governo vai prestar atenção a esta manifestação, Jerónimo respondeu: "Também os outros aparentemente não deram ouvidos e acabaram por ser derrotados, se estes não dão ouvidos a esta grande ação, naturalmente, mais tarde ou mais cedo, a vitória será deste povo que ocupa este Terreiro do Paço e não daqueles que querem fazer o país andar para trás".
Jerónimo defendeu como alternativa à austeridade "um país de progresso, de crescimento económico, sem desemprego, que responda às novas gerações".
Já questionado sobre os violentos confrontos numa manifestação em Atenas na sexta-feita com a polícia e sobre se a tensão social em Portugal pode levar a episódios semelhantes, o líder do PCP disse que o caminho é "pela luta de massas, no quadro constitucional".
"É com mais determinação, obviamente, que é o caminho, não é com atos isolados de desespero que lá vamos, é com esta força imensa, organizada, combativa, no quadro dos direitos que assistem aos trabalhadores e que a Lei Fundamental reconhece", concluiu.