O secretário-geral comunista não espera medidas positivas na proposta orçamental do Executivo para 2023 e acusa o PS de estar "cada vez mais inclinado à direita". Em declarações no fim da reunião do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa proferiu também duras críticas à proposta de alteração à lei das pensões e voltou a insistir na necessidade de taxar os lucros "obscenos" de várias empresas.
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No final da reunião do Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa mostrou-se descrente na proposta de Orçamento do Estado para 2023 que o Governo irá apresentar até ao dia 10 de outubro no Parlamento, afirmando que "daquilo que conhecemos, aquilo que vem aí não é bom".
O secretário-geral comunista, na sua declaração inicial, rasgou críticas à ação governativa do PS, que acusa de estar "cada vez mais inclinado para a direita", apresentando medidas "corroboradas pelo PSD e presidente da República, e convergentes com os objetivos do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega".
No comentário à proposta de alteração da lei das pensões por parte do Governo, Jerónimo de Sousa afirma que "não é gato escondido com o rabo de fora, mas sim gato de fora com o rabo escondido" e acrescenta que o Governo quer "impor um corte definitivo no valor das pensões em 2023 e nos anos seguintes".
Jerónimo de Sousa avançou que o PCP terá uma Conferência Nacional, agendada para os dias 12 e 13 de novembro, no Pavilhão do Lato do Moinho, em Corroios. Questionado sobre a possibilidade de ser uma conferência onde fosse indicado um novo secretário-geral do partido, o dirigente comunista descartou essa possibilidade e respondeu: "um dia será eletiva, mas por agora ainda não".
Falta vontade para taxar lucros
O secretário-geral do PCP fez fortes críticas à posição do Executivo socialista quanto à polémica dos lucros extraordinários, descrevendo a situação como "inaceitável" e sustenta que "não há nenhum argumento económico que o Governo possa usar para justificar este privilégio dos grandes grupos económicos". "Há falta de vontade política", acrescenta.
Jerónimo de Sousa manifestou-se também contra a decisão do Banco Central Europeu de aumentar as taxas de juro, mostrando-se preocupado com "o enorme impacto, designadamente no crédito à habitação".