O antigo presidente executivo do Banif Jorge Tomé reconheceu, esta terça-feira, que a queda do BES, em agosto de 2014, teve um "impacto muito negativo" na reestruturação do Banif, que foi apanhado numa "operação cruzada" de 119 milhões de euros.
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Em 2014, declarou Jorge Tomé, houve "vários acontecimentos não positivos" para o Banif, e a queda do BES e respetiva medida de resolução foi um desses eventos: o Banif foi apanhado numa operação cruzada, tendo concedido crédito de 119 milhões a uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES) pouco antes de agosto desse ano.
O antigo presidente do Banif falava na comissão parlamentar de inquérito sobre o Banif, onde está a ser ouvido esta tarde pelos deputados desde cerca das 15 horas.
Jorge Tomé considerou também que "não foi feliz a reestruturação financeira do sistema financeiro português" e a "resolução de um grande banco, como o caso do BES, veio desequilibrar ainda mais o sistema".
A entrada em funções de Jean-Claude Juncker na Comissão Europeia, e uma mudança na pasta da Concorrência, foi também um evento de 2014 que Tomé lamentou: foi feita "tábua rasa" dos compromissos do banco e voltou-se ao "ponto de partida".
"Queriam cingir [o Banif] a uma operação bancária das ilhas, o que não era viável e compaginável com a devolução de ajuda ao Estado", sinalizou o antigo banqueiro.
As audições na comissão parlamentar de inquérito à resolução do Banif começaram hoje: de manhã foi ouvido o antigo administrador Marques dos Santos - que esteve na liderança do banco entre 2010 e 2012 - e de tarde presta esclarecimentos aos deputados o também antigo presidente executivo Jorge Tomé.
De manhã, Marques dos Santos havia-se referido também à ideia de transformar o Banif num banco vocacionado para as ilhas: tal, advogou, seria um "disparate" e "era preciso argumentar contra isso".
O processo de venda do banco, em dezembro de 2015, domina os trabalhos para se proceder à "avaliação de riscos e alternativas" da decisão, "no interesse dos seus trabalhadores, dos depositantes, dos contribuintes e da estabilidade do sistema financeiro".
Também a avaliação do "comportamento da autoridade de supervisão financeira", o Banco de Portugal, sobre o caso Banif, é um dos objetivos da comissão parlamentar de inquérito sobre a venda do banco.