Juros batem novos máximos a 2 e 5 anos, seguros contra incumprimento também sobem
Os juros da dívida soberana batem, sexta-feira, novos máximos no mercado secundário a dois e a cinco anos, no dia em que a Moody's cortou o 'rating' da dívida garantida pelo Estado de quatro bancos portugueses.
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Pelas 9.21 horas, os juros exigidos pelos investidores para transaccionar títulos de dívida soberana portuguesa a dois anos negociavam, em média, nos 17,163%.
Este valor é um novo máximo histórico desde, pelo menos, a entrada de Portugal no euro (1999), ao superar os 16,745% registados na quarta-feira, e acontece depois de a agência de notação financeira Moody's ter cortado o 'rating' de Portugal em quatro níveis para 'lixo'.
O 'spread' face à dívida alemã (referencial para a Europa) na maturidade a dois anos estava nos 1556 pontos base neste prazo.
Na maturidade a cinco anos, também os juros dos títulos soberanos portugueses batiam recordes, ao transaccionar nos 16,351% no mercado secundário, acima dos 16,028% de quarta-feira, enquanto o 'spread' face à dívida alemã atingia os 1417 pontos base.
Já a dez anos, os juros apresentam uma ligeira baixa em relação ao máximo histórico atingido a 06 de julho.
Os juros dos títulos a dez anos negociavam, pelas 9.21, nos 12,642%, acima dos 13,064% registados na quarta-feira, que são assim o novo máximo histórico desta maturidade.
Além dos juros da dívida no mercado secundário estarem em alta, também os seguros contra o incumprimento da dívida portuguesa estão entre os que mais sobem no mundo.
Segundo a agência de informação financeira Bloomberg, pelas 09:24, os 'Credit Default Swaps' (CDS) da dívida soberana portuguesa a cinco anos eram os que mais cresciam no mundo, ao subirem 90,3% para 1007,50 pontos base, seguindo da Irlanda e da Grécia ao avançarem 42,2 e 35,5% para 880,00 e 2203,67 pontos base.
Os CDS são os títulos que protegem o investidor do risco de um país não ter capacidade de pagar o empréstimo.
Assim, para segurar dívida pública portuguesa com maturidade a cinco anos no valor de 10 milhões de euros, os investidores teriam de pagar um seguro anual a rondar os 1.007,50 mil euros.
A dez anos, os seguros para os títulos portugueses dessa maturidade eram os segundos que mais cresciam, ao avançar 84,1% para 846,67 pontos base.
Neste prazo, só os seguros da Irlanda avançavam mais do que os de Portugal, ao crescerem 122,6 pontos base para 778,33 pontos base.