Cortes vão atingir mais pessoas a partir de segunda-feira devido a falhas de matérias-primas. Problemas com bancos sufocam gestão.
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Os funcionários acolheram com agrado a entrada do Estado na Efacec. No entanto, a dura realidade económica criada pela pandemia impõe-se: devido à falta de matérias-primas para fabricar transformadores e outro material semelhante, o setor da produção vai reforçar o lay-off já a partir de segunda-feira. Vários trabalhadores confirmaram igualmente que as dificuldades de gestão são evidentes quando há a necessidade de obter garantias bancárias para lidar com clientes e fornecedores.
Os cortes vão alargar-se a mais gente, numa empresa onde 70% dos cerca de 2500 trabalhadores já estão parados ou com redução de horário. Miguel Moreira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site) do Norte, confirma esse agravamento do lay-off, que ocorrerá apenas quatro dias após a nacionalização.
Os problemas da Efacec, com ou sem Estado, decorrem tanto da pandemia, que dificultou a cadeia da produção, como das dificuldades crescentes da empresa em obter o apoio da Banca. "Os problemas legais com Isabel dos Santos, que foi desde 2015 até agora a nossa principal acionista, levaram os bancos a fechar-nos a torneira.
As garantias bancárias passaram a ser um problema", relata Sílvia Lopes, funcionária do departamento de controlo de gestão, à saída da sede, em Matosinhos. "Vou para casa. Eu pessoalmente nunca estive em lay-off, mas faço 50% do trabalho aqui e a outra metade em casa, depois da hora do almoço", relata Sílvia Lopes, que trabalha na empresa há 21 anos.
"Uma empresa sem garantias bancárias não funciona. Um fornecedor só vende à empresa se houver uma garantia bancária, caso o comprador falhe no pagamento", comenta Miguel Moreira, do Site Norte. Um engenheiro da empresa saía, ontem à hora de almoço, da empresa, dirigindo-se para casa.
De crachá ao peito, óculos escuros e máscara, parou e falou com o JN, mas preferiu não ser identificado. "Garanto-lhe que os problemas com os fornecedores são graves. Devido à pandemia e também à falta de garantias bancárias da nossa parte. Estamos a perder contratos", referiu.
Rui Paulo Silva, funcionário da produção, lamenta o reforço do lay-off e diz que a falta de material é aflitiva. Desconhece os problemas com os bancos, mas garante que a matéria-prima escasseia. "Os barcos com o material não chegam cá", acrescenta o colega Rui Paulo Silva,
Câmara saúda solução
"Saudamos a decisão do Governo de salvar uma empresa que é estratégica tanto para o município como para o país. Num momento extraordinário, a Efacec precisava também ela de uma intervenção extraordinária. A empresa pode ganhar equilíbrio financeiro e ser reprivatizada. Já há dez grupos privados interessados", afirma ao JN Luísa Salgueiro, presidente da Câmara de Matosinhos.