Espanha: "Levo duas botijas, encho o depósito de gasóleo e poupo mais de 40 euros"
Preço do gás em Espanha atrai portugueses. A mesma unidade do lado de cá da fronteira pode ser mais de 11 euros mais cara.
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Um aviso afixado na secção do gás no primeiro posto de combustíveis de Tui, situado a escassos metros da velha ponte metálica que liga a Valença, indicia que é habitual a presença de portugueses. Dizem que o gás custa quase metade do preço praticado em Portugal. Não se fazem trocas. Quem comprar leva botijas (e respetivos adaptadores) utilizado em Espanha.
José Pereira, 70 anos, residente em Viana, há muito que as utiliza. Praticamente uma vez por mês, desloca-se a Tui [a cerca de 60 quilómetros de casa para encher o depósito de combustível e comprar gás.
"O gás é quase metade do preço. Venho buscar duas botijas e encho o depósito de gasóleo. Ganho mais de 40 euros. Só com uma garrafa de gás pago a deslocação", conta ao JN. A botija de 12,5 quilos (kg) de gás butano custa 19,55 euros e a unidade de 11 kg de propano 17,20 euros (preços a 31 de outubro). No posto, as filas para o combustível eram contínuas. Muitos veículos tinham matrícula lusa.
A cerca de dois quilómetros, do outro lado da ponte, em Valença, num posto da mesma marca, a unidade com 12,5 quilos de gás butano custa 27,66 euros (8,11 euros mais cara) e a de propano com 11 quilos 28,44 (11,24 euros mais cara). Desde o passado dia 31 que deixou de haver um limite para o preço máximo das botijas de gás em Portugal. Segundo a DECO, o custo médio das bilhas de butano e de propano é de 29,32 e 31,14 euros, respetivamente.
Vêm todos aqui
"Venho a Espanha desde que o nosso Governo começou a roubar. É que [a diferença de preços] é impressionante", comenta José. "Vem ou não vem muitos portugueses aqui?, pergunta José ao funcionário do posto. O jovem arregala os olhos e acena que sim.
Entretanto, chega mais um carro português. O condutor pára e abre a mala do carro, de onde tira uma botija vazia para trocar. Explica que vive em Valença e que a ida a Espanha é pratica comum da população. "É como se vivêssemos na mesma cidade, mas os preços nada têm a ver. Quem vive em Valença, não usa gás nem combustíveis de lá. Os portugueses vêm todos aqui", sublinha.