O chefe da missão da "troika" defende que a meta de 4,5% para o défice orçamental português é alcançável, mas admite que é preciso flexibilidade e rejeita haver necessidade de mais medidas de austeridade.
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Em entrevista ao "Diário Económico", publicada esta terça-feira, Abebe Selassie afirma que, apesar de a procura doméstica estar "mais fraca" do que o projetado, as exportações superaram as expetativas e, por isso, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá "ser um pouco melhor do que o estimado".
Esta situação, que resulta numa redução das receitas fiscais porque as exportações são menos taxadas, em conjunto com o aumento do desemprego - que fez cair as contribuições para a Segurança social e subir os gastos com subsídios - "tem um peso nas contas públicas", admitiu.
No entanto, "a meta do défice é alcançável", defendeu o líder da "troika", garantindo que não foram discutidas novas medidas de austeridade e reconhecendo que é preciso "permitir alguma variação" nas despesas.
Na entrevista, Abebe Selassie considera ainda que o regresso de Portugal aos mercados financeiros no próximo ano vai "ser difícil" e que há medidas que podem ser tomadas para facilitar o regresso.
"O Governo tem vindo a trabalhar as maturidades dos Bilhetes do Tesouro, por exemplo", refere, adiantando: "Há um ano, nenhum de nós acreditaria que Portugal estaria agora a emitir Bilhetes de Tesouro a 18 meses. O Governo estava a financiar-se a três meses e, mesmo isso, não com muita facilidade".
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia acredita também que os mercados vão reagir positivamente à medida que "virem os resultados do programa [de ajuda a Portugal], com a balança corrente a melhorar muito e os saldos orçamentais a melhorarem também rapidamente, com os desequilíbrios a estreitarem".