O lucro do Santander Totta aumentou 19,6%, para 185,9 milhões de euros, de janeiro a março, em termos homólogos, num trimestre marcado pela subida das taxas de juro e pelo aumento da remuneração dos depósitos.
Corpo do artigo
"Apesar do dinamismo da atividade de mobilização de balanço pelo Santander em Portugal durante os três primeiros meses do ano, num montante mensal muito superior a 1500 milhões de euros, os volumes de negócio refletiram o novo contexto de taxas de juro elevadas, com a amortização antecipada de créditos", refere a instituição bancária em comunicado.
Assim, de janeiro a março, o crédito a clientes ascendeu a 42.600 milhões de euros, uma redução de 2,2% face ao valor do mesmo período de 2022 que o banco diz ser "largamente explicada pela amortização antecipada de créditos a empresas".
O crédito a particulares aumentou 1,8%, para 24.836 milhões de euros, com a carteira de crédito à habitação, no montante de 22.675 mil milhões de euros, a subir 1,8% e a de crédito ao consumo a crescer 4,7%, para 1.818 milhões.
No primeiro trimestre, os recursos de clientes do Santander em Portugal diminuíram 5,5%, somando 44.800 milhões de euros, traduzindo uma diminuição dos depósitos (-4,9%) "largamente associada à mencionada amortização antecipada de créditos", assim como dos recursos fora de balanço (-8,4%), "ainda afetados pelo contexto nos mercados financeiros", refere o Santander Totta.
O produto bancário ascendeu a 407,9 milhões de euros, um crescimento de 23,0% face ao final do primeiro trimestre de 2022, "impulsionado pela melhoria da margem financeira" (+38,1%, para 267,7 milhões de euros), enquanto as comissões líquidas "cresceram de forma mais moderada", em 2,2%, para 121,7 milhões de euros.
Os resultados da atividade seguradora aumentaram 56,3%, para 4,8 milhões de euros, enquanto os resultados em operações financeiras ascenderam a 8,2 milhões de euros, um acréscimo de 2,2%.
Até março, os custos operacionais subiram 5,4%, para 127,6 milhões de euros, refletindo a atualização salarial implementada este ano (os custos com pessoal cresceram 4,8% face ao período homólogo) e o impacto da inflação sobre os gastos gerais e administrativos, que aumentaram em 8,3%.
"Contudo - nota o banco - os custos cresceram abaixo da inflação, traduzindo-se na continuação da tendência de redução, em termos reais".
No período em análise, o resultado de exploração do Santander Totta aumentou 33,1% face ao período homólogo, para 280,4 milhões de euros, tendo o rácio de eficiência recuado em 5,2 pontos percentuais, para 31,3%, e o rácio CET1 ('fully implemented') diminuído 7,8 pontos percentuais, para 13,5%.
A margem financeira, no montante de 267,7 milhões de euros, aumentou 38,1% em termos homólogos, "refletindo as medidas de política monetária implementadas pelo BCE desde julho de 2022 em termos de subida das taxas de juro de referência" e a taxa da facilidade de depósito aumentou em 350 pontos base, para 3,0%.
"Por outro lado, apesar da subida das taxas de juro, manteve-se um contexto concorrencial bastante competitivo, que continuou a pressionar em baixa os 'spreads' de crédito", refere o banco.
As comissões líquidas ascenderam a 121,7 milhões de euros, um acréscimo de 2,2% face ao mesmo período de 2022, refletindo sobretudo "a dissipação dos efeitos da recuperação pós-pandémica, que influenciaram o crescimento das comissões em 2022, nomeadamente as transacionais, e, também, o enquadramento de taxas de juro mais elevadas, que se reflete numa moderação dos volumes de nova produção de crédito".
Apesar das taxas de juro e de desemprego mais elevadas e do "complexo contexto económico", o Santander Totta salienta que "a qualidade da carteira de crédito permanece inalterada", com o rácio de NPE (crédito mal parado) a situar-se em 2,1%, no final do trimestre, menos 0,2 pontos percentuais face período homólogo.
Segundo o banco, a evolução das provisões líquidas e outros resultados, que recuou 65,8% até março face ao mesmo período de 2022, "reflete a alienação de ativos correntes detidos para venda realizada nesse período".
Antes de impostos e de interesses que não controla, o resultado do Santander em Portugal ascendeu a 269,6 milhões euros, um incremento de 19,5% face aos 225,6 milhões observados no mesmo período de 2022.
"O primeiro trimestre foi marcado pela subida das taxas de juro e pelo aumento da remuneração dos depósitos, que teve naturalmente impacto na nossa atividade", refere o presidente executivo do Banco Santander Portugal, citado no comunicado.
Segundo a análise de Pedro Castro e Almeida, "o negócio manteve-se dinâmico neste período, com os clientes ativos a aumentarem 4% e os digitais mais de 11%, registando-se diariamente quase um milhão de acessos através destes canais", e o banco apresenta" indicadores robustos, que reforçam a [...] solidez de balanço e a [...] capacidade de apoiar a economia, as empresas e as famílias em Portugal".