Galp, EDP Renováveis, Jerónimo Martins e Sonae MC somam mil milhões no primeiro semestre. Dona do Continente com saldo positivo de 62 milhões.
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Mil milhões de euros é a soma dos lucros registados no primeiro semestre deste ano por apenas quatro empresas, duas de bens alimentares e duas do setor energético. Após os resultados líquidos da Galp, da EDP Renováveis e da Jerónimo Martins terem disparado face ao mesmo período do ano passado, foi a vez da Sonae MC, empresa responsável pelo retalho, reportar lucros de 62 milhões de euros, com um crescimento de 29,3%.
São lucros que surgem num contexto de maior inflação, com os preços da energia e dos bens alimentares a disparar com a crise agravada por uma guerra que se prolonga desde o final de fevereiro na Ucrânia.
No recente debate parlamentar sobre o estado da nação, várias bancadas abordaram precisamente os lucros elevados conseguidos por grandes grupos em Portugal, beneficiando da crise. Esta semana, em conferência de imprensa, o líder da bancada do BE, Pedro Filipe Soares, considerou que, "quando os combustíveis aumentam, o país empobrece e os salários perdem valor, ter esta dimensão de lucros da Galp é obsceno e um achincalhamento dos sacrifícios que o país está a passar". Defendeu que o lucro extraordinário de 420 milhões, que representa um crescimento de 153%, seja taxado e insistiu que o Governo deve intervir sobre os preços dos combustíveis.
Preço médio de venda
O segundo maior aumento foi da EDP Renováveis: mais 87%, com um resultado líquido de 265 milhões.
Em abril, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, admitiu que o Estado poderia vir a taxar, numa base pontual, os lucros acrescidos que as energéticas viessem a ter com o aumento dos preços.
O preço médio de venda da energia aumentou 27% em termos homólogos , "maioritariamente devido aos preços de mercado na Europa e a atualização do quadro regulatório em Espanha", sublinhou esta semana a EDP Renováveis.
Com uma subida de 29,3%, a Sonae MC, dona de empresas como o Continente, nem foi das que mais cresceu entre os retalhistas alimentares.
O grupo liderado por Cláudia Azevedo, no seu conjunto, quase duplicou os seus lucros para 118 milhões neste semestre, com um crescimento de 7,9%, suportado sobretudo pela Sonae MC.
O grupo Jerónimo Martins, que detém o Pingo Doce e o Recheio, cresceu 40% face ao período homólogo do ano passado, chegando a junho com um resultado positivo de 278 milhões de euros.
Somando as quatro empresas em análise, os lucros do primeiro semestre deste ano totalizaram 1025 milhões de euros.
Á lupa
Mais 10 euros por cabaz
A Kantar comparou dados do primeiro semestre de 2022 com período homólogo de 2019. Os portugueses gastam mais dez euros por mês numa cesta básica de 42 artigos. Já segundo a Deco Proteste, o preço de um cabaz de bens alimentares essenciais aumentou 21,91 euros desde o início da guerra (+11,91%).
Grupos multados
Este ano, a Autoridade da Concorrência multou as cadeias Auchan, Modelo Continente e Pingo Doce, o fornecedor comum de produtos de higiene e cosmética Beiersdorf e um responsável desta empresa, por um esquema de fixação de preços de venda ao consumidor. A coima totalizou 19,4 milhões.