O BCP teve lucros de 856 milhões de euros em 2023, quatro vezes mais que os 197,4 milhões de euros de 2022, divulgou hoje o banco em conferência de imprensa.
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A margem financeira (a diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos) subiu 31% para 2826 milhões de euros em 2023, ano em que o banco também ganhou 139 milhões de euros com a venda da Millennium Financial Services.
Num ano em que teve resultados históricos, as comissões baixaram 0,2%, para 663,2 milhões de euros, enquanto os custos operacionais aumentaram 8,3%, para 1162,6 milhões de euros. Os custos com pessoal foram de 631,8 milhões de euros, mais 8,8%, sendo que em Portugal, esta rubrica cresceu 4,8%, para 354,8 milhões de euros.
Menos trabalhadores e menos sucursais
No final de dezembro, o BCP tinha em Portugal 6242 trabalhadores, menos 10 do que que um ano anos, e 399 sucursais, menos nove que em 2022.
Quanto ao balanço, no final de 2023, a carteira de crédito consolidada era de 56.814 milhões de euros, menos 1,6% em termos homólogos. Em Portugal, o crédito total baixou 3,8%, para 38.625 milhões de euros.
Ainda sobre a atividade em Portugal, o crédito a particulares representava 21.087 milhões de euros e 17.538 milhões de euros no caso das empresas. O rácio de crédito problemático (NPE, na sigla técnica) desceu para 3,4% na atividade global do banco no final de 2023, contra 3,8% em 2022. Os depósitos e outros recursos de clientes aumentaram 2,7% no total do banco para 77.298 milhões de euros, apesar de uma redução de 3,0% em Portugal, para 51.163 milhões de euros.
De acordo com o banco, os clientes têm recorrido aos depósitos para amortizar créditos. Em termos de indicadores de solvabilidade, o rácio de capital CET1 foi de 15,4%, contra 12,5% em 2022.
Em 2023, o BCP viu o montante global das contribuições obrigatórias a baixar de 88,5 milhões de euros para 72,6 milhões de euros, "refletindo, maioritariamente, a redução das contribuições exigidas para o Fundo de Resolução Nacional (FRN) e para o Fundo Único de Resolução (FUR)".
Por geografias, em Portugal o BCP teve lucros de 724,9 milhões de euros em 2023, mais do dobro (338,5 milhões de euros) que em 2022. Na atividade internacional, o resultado líquido foi de 131,2 milhões de euros, com o banco a considerar que houve uma melhoria "de forma expressiva face aos 146,1 milhões de euros negativos apurados no ano anterior".
Para os bons resultados no estrangeiro, a instituição liderada por Miguel Maya enalteceu o "contributo associado à subsidiária polaca, que apresentou, no último trimestre do exercício, o quinto trimestre consecutivo com resultados positivos".
"São uns bons resultados, hoje parece que há uma certa que vergonha de as empresas apresentarem resultados, nós temos muito orgulho de apresentar resultados positivos", disse Miguel Maya em conferência de imprensa no Tagus Park, em Oeiras, considerando que com isso o banco contribui para o desenvolvimento de Portugal e para manter trabalhadores qualificados jovens no país.
O BCP tem uma importante operação na Polónia, que tem dado problemas devido a créditos hipotecários concedidos no passado em francos suíços. Em 2023, o Bank Millennium (Polónia) levou a encargos de 780 milhões de euros devido aos riscos relacionados com esses créditos.
BCP diz que lucros são "adequados" e servem a economia
Os líderes do BCP consideraram hoje que os lucros apresentados não são excessivos, mas adequados, e que o reforço e solidez dos bancos serve a economia e permite concorrer com as congéneres internacionais.
"Os lucros são adequados e são investidos no reforço da capacidade do banco em servir a economia portuguesa e gerar valor e prosperidade para o país", afirmou Miguel Maya. O gestor disse que o BCP tem a "obrigação de prestar contas", incluindo explicar os lucros, até porque é o "único cotado em mercado" e tem 120 mil acionistas.
No mesmo sentido, o presidente não executivo, Nuno Amado, disse que os lucros dos bancos se devem ao capital elevado que têm (referiu que o BCP tem capitais próprios de seis mil milhões de euros), às exigências regulamentares e atualmente às taxas de juro.
"Tem componente excecional e recorrente", explicou Amado, considerando ainda que os lucros estão alinhados com os dos bancos estrangeiros e que é importante a banca portuguesa estar reforçada para poder competir.