Luísa Salgueiro: "Somos um dos municípios portugueses que gerem a água com menos desperdício"
Atualmente, não há em Matosinhos quem não tenha disponível a rede pública de distribuição de água, que “cobre a totalidade do concelho”, segundo a autarca, Luísa Salgueiro.
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O serviço tem sido sucessivamente distinguido pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) com “selos de qualidade e prémios de excelência” que, entre outros, refletem a sua permanente disponibilidade, bem como a eficiência hídrica e energética, ou a qualidade da água distribuída.
Integrar a Águas do Douro e Paiva (AdDP) tem contribuído para a garantia de qualidade do serviço prestado?
Sim. Consideramos que pertencer à AdDP é vantajoso para o município, já que evoluímos para um sistema mais robusto. É também mais resiliente e estruturado, e dá-nos outra dimensão e visão que não teríamos se estivéssemos isolados.
Como era antes da adesão a esta empresa multimunicipal?
Há 30 anos, o abastecimento em Matosinhos dependia de outra captação. Apresentava diversos problemas de quantidade e qualidade, com falhas de abastecimento e tinha ruturas. O grau de especialização era muito inferior. Os sistemas de tratamento eram mais deficitários, havia elevados níveis de perda das redes que agora não apresentamos, pelo contrário. Eu diria que estávamos perante uma situação bem diferente, com muito menos qualidade do que aquela que temos hoje. Assim conseguimos prestar um melhor serviço público.
As perdas de água são significativas?
O último relatório publicado pela ERSAR, com dados relativos a 2022, indica que Matosinhos teve naquele ano 10,8% de perdas, medidas através do indicador de água não faturada. Sabemos que esse valor é hoje de 8,5%. Somos um dos municípios portugueses que gerem a água com menos desperdício - a média nacional é de 27% - e níveis de eficiência que concorrem com as melhores práticas a nível mundial. Este desempenho é para nós estratégico. O nosso respeito por um bem escasso aumenta a resiliência do concelho num contexto de alterações climáticas e de perspetiva de escassez hídrica. Simultaneamente, reduzimos a nossa pegada carbónica, porque as operações relacionadas com a distribuição de água potável implicam consumos intensivos de energia.
O que foi feito para minimizar o desperdício?
A nossa opção, que se mostrou acertada, foi a de concessionar o serviço de distribuição de água, neste caso à Indaqua. Tínhamos necessidade de realizar investimentos importantes nas infraestruturas e sabemos que neste modelo de gestão há um incentivo permanente à eficiência. Sendo a concessionária para nós um instrumento da política ambiental do Município, acompanhamos continuamente a sua atividade. Designadamente, no que respeita às medidas de eficiência implementadas no nosso sistema de distribuição de água. Por exemplo, pesquisa de fugas, gestão de pressões, remodelações de redes em fim de vida, entre outras. As medidas são coordenadas com a atividade dos restantes serviços, incorporando boas práticas identificadas na gestão dos equipamentos municipais.
São parcerias bem-sucedidas?
Muito bem-sucedidas. Portanto, em termos de domínio da água, quer em alta, na relação com a Águas do Douro e Paiva, quer na distribuição ao consumidor, na concessão que temos com a Indaqua, Matosinhos têm bons parceiros. Pensamos que acrescentamos na qualidade de serviço e também na qualidade do próprio bem água que entrega às populações.
Há novos desafios para vencer?
Não temos propriamente problemas em termos de capacidade e robustez dos sistemas ou do garante de abastecimento público. Quanto a isso, está assegurado. A questão poderá ser ponderada mais no capítulo da qualidade da água, que mereceu recentes alterações ao nível do regime jurídico, destinada ao consumo humano, transpondo diversas diretivas europeias. Aliás, destas alterações resulta a introdução de melhorias, em particular nos domínios da informação a prestar aos consumidores e na uniformização das listas de materiais e produtos que entram em contacto com água destinada ao consumo humano e também das consequências que estes têm sobre a saúde humana.