Mais de uma centena de ligações ferroviárias foram hoje suprimidas devido à greve de revisores da CP, informou hoje fonte do sindicato do sector, alertando para a "falta de segurança" dos comboios que estão a circular sem revisores.
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"Já foram suprimidos 110 comboios hoje [até cerca das 13:00], a maioria de ligações de longo curso, urbanas e regionais", afirmou à Lusa Luís Bravo, presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
A CP confirma aquele número: "Sim, terão sido perto de uma centena os comboios afectados", afirmou a directora de comunicação da CP, Ana Portela, adiantando que as ligações mais afectadas foram as de longo curso.
"Estavam programados [entre as 00:00 e as 13:00] dez comboios alfa-pendulares e realizaram-se cinco, e dos 17 “Intercidades” programados realizaram-se 12", precisou aquela responsável da CP, admitindo serem estas as ligações "mais afectadas" pela greve.
Lisboa terá sido a zona menos afectadas pela greve de revisores, uma vez que dos 316 comboios urbanos previstos houve apenas oito supressões.
No Porto foram asseguradas 72 por cento das ligações urbanas programadas e em Coimbra cerca de 92 por cento, enquanto nas ligações regionais a CP diz ter assegurado 70 por cento das viagens ferroviárias previstas.
O sindicato dos revisores fala em 90 por cento de adesão à greve, percentagem que não é confirmada pela CP: "A adesão não é o que mais nos preocupa, mas sim o transporte dos passageiros. Não temos de momento qualquer número sobre a adesão", afirmou Ana Portela.
O sindicato denuncia que os comboios que estão a circular fazem-no sem garantir a segurança dos passageiros: "Circulam só com o maquinista e um colega que lhe dá apoio. Como não há revisores, ninguém controla a entrada dos passageiros ou verifica se ficou alguém entalado numa porta. Em estações junto a curvas, que há muitas no país, ainda é mais perigoso", afirmou Luís Bravo.
A CP contrapõe, rejeitando qualquer falta de segurança: "Negamos que o transporte esteja a ser feito sem o controlo de entrada e saída de passageiros. Só circulamos com segurança", afirmou Ana Portela.
A greve, que abrange também trabalhadores de vendas, tem por objetivo contestar o congelamento dos salários, recomendado pelo Governo, e a intenção do Executivo de privatizar algumas das linhas da CP.