A economia paralela em Portugal, ou seja, aquela que não paga impostos, representa em Portugal mais de um quarto da riqueza nacional, tendo atingido os 26,81% do PIB em 2013, muito acima da média de 16% dos países da OCDE, de acordo com o Observatório de Economia e Gestão de Fraude da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Foram mais de 45,9 mil milhões euros que fugiram à malha do Fisco, cerca de 60% do que Portugal teve de pedir à UE e ao FMI para escapar à bancarrota. Em termos absolutos, este valor tem vindo a cair devido ao cerco cada vez mais apertado do Fisco, mas mantém-se ainda assim muito elevado. Só para se ter uma ideia, sem economia paralela e aplicando a essa riqueza uma taxa de imposto de 20%, o país deixaria de ter défice e passaria a ter um superavit de 0,4%.
Os números de 2013 - os do ano passado estão agora a ser preparados - não refletem ainda os resultados de ações como o programa e-fatura, em que os consumidores são incentivados a exigir sempre as faturas e a declará-las em troca de benefícios fiscais e até automóveis, explicou ao "Dinheiro Vivo" Óscar Afonso, presidente do Observatório. "Sem essas medidas e um controlo mais apertado da administração fiscal, a taxa da economia paralela, que tem subido devido à queda do PIB, ainda teria subido mais", salientou.
Óscar Afonso reconhece que foram tomadas muitas medidas de combate à fraude e evasão fiscal num curto espaço de tempo, e que às vezes o sistema "é um bocado cego", podendo cair-se em excessos, mas considera que "o que foi feito tinha de ser feito". Acha até que se devia ter ido "mais longe e mais depressa, sobretudo no campo da Justiça, que precisa de ser muito mais rápida e eficaz para combater a economia paralela".
