Plano Nacional de Investimentos é aprovado esta quinta-feira pelo Governo. Dotação de 620 milhões permite rasgar três linhas no Grande Porto.
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Os metros do Porto e de Lisboa terão mais de mil milhões de euros para expandir as redes entre 2020 e 2030. O Governo aprova hoje, em Conselho de Ministros, o Plano Nacional de Investimentos para a próxima década, que destina 62% da dotação global de 20 mil milhões aos transportes e à mobilidade. O metro terá 620 milhões para crescer no Porto e 445 milhões na capital.
Depois da aprovação pelo Governo, em dezembro, das construções da Linha Rosa entre S. Bento e Casa da Música, no Porto, da Linha Amarela até Vila d'Este, em Gaia, e da ligação entre o Rato e o Cais do Sodré, em Lisboa, propõe-se uma nova fase de investimentos até 2030. Cabe às duas áreas metropolitanas decidir os futuros destinos, mas já há candidatos fortes aos milhões do plano.
Na capital, reclama-se a expansão a Loures e à zona ocidental de Lisboa, mas, em cima da mesa, só está o prolongamento da Linha Vermelha até Campo de Ourique. Com 620 milhões para gastar, a Metro do Porto poderá rasgar três novas linhas. Em setembro, quando a região discutia as prioridades para o Plano Nacional de Investimentos, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto e autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, apontava novos percursos por Gaia, Gondomar e Matosinhos.
40 mil por dia
Feitas as contas, custará 535 milhões rasgar a segunda linha de Gaia, com uma nova ponte sobre o rio Douro a ligar a Casa da Música às Devesas; edificar a linha de S. Mamede de Infesta (Matosinhos), entre Fonte de Cuco e o Hospital de S. João; e aproximar o Estádio do Dragão do Souto, em Gondomar, servindo Valbom. As três ligações trarão, por dia, mais de 40 mil utilizadores. Há, no entanto, outra linha com procura estimada muito elevada (gerará 21 mil passageiros diários) que se intromete na corrida: a Circular do Porto, entre a Casa da Música e Campanhã. Só essa ligação orça 286 milhões de euros.
A atribuição de 620 milhões de euros à expansão do metro do Porto é bem acolhida por Marco Martins, coordenador dos transportes e da mobilidade na Área Metropolitana do Porto. Enquanto presidente da Câmara de Gondomar, o socialista reclama que se "faça justiça". "Gondomar é o único concelho do primeiro anel que não tem metro a servir o centro. Apresenta a maior taxa de pendularidade diária e, a par de Gaia, tem a maior taxa de utilização do transporte individual". E se o objetivo é tirar carros da rua, Gondomar não pode ser ignorado nesta fase de expansão.
Metrobus na A28 e na A5
Não só de metro vive o Plano Nacional de Investimentos. Ainda na área da mobilidade urbana, é relevante a dotação de mil milhões de euros para os metrobus. Criar trajetos de autocarro em corredores dedicados no Grande Porto e na Grande Lisboa e nas cidades com mais de 100 mil habitantes, com Braga à cabeça. O documento final foi afinado ontem, porém, o sumário executivo, a que o JN teve acesso, perspetiva corredores de metrobus na A28, entre Matosinhos e Porto, e na A5, que aproxima Lisboa de Cascais.
O plano dedica mais de quatro mil milhões à ferrovia, com destaque para as obras na Linha do Norte, que visam reduzir o tempo de percurso para duas horas entre Porto e Lisboa e atrair mais 30% de passageiros. Destaque ainda para a eletrificação da Linha do Douro (entre Régua e Pocinho), a ligação da Linha de Cascais à Linha de Cintura (200 milhões), a reabilitação da Linha do Vouga entre Espinho e Oliveira de Azeméis (75 milhões) e a quadruplicação das linhas do Minho, entre Contumil e Ermesinde, e Circular, entre Braço de Prata e Chelas (155 milhões).