Setor precisa de mais profissionais e de melhorar a comunicação para aproveitar todas as oportunidades.
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“A Natureza vai forçar-nos a encontrar soluções”. A afirmação firme do professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Domingos Lopes, é um alerta para a necessidade urgente de formar mais jovens em Engenharia Florestal, de modo a enfrentar os desafios presentes e futuros.
Domingos Lopes, especialista no setor florestal, foi um dos participantes na conferência “Floresta de oportunidades”, que a Ordem dos Engenheiros da Região Norte organizou, ontem, em Vila Real, no âmbito dos seus Roteiros de Engenharia.
Durante a sessão foi evidenciada a má imagem associada atualmente à floresta, mormente devido aos incêndios. “Claro que há problemas, mas as vantagens são indiscutivelmente maiores”, frisou Domingos Lopes.
“Conseguimos passar a mensagem aos nossos jovens e aos nossos políticos? Não sei. Mas o que aconteceu em Valência (Espanha) vai continuar a acontecer”, sentenciou o docente da UTAD.
Para Sandra Sarmento, diretora regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte, é importante “fugir da discussão em torno do fogo para trazer uma nova abordagem para a floresta”. Esse caminho tem de começar por “comunicar pela positiva e de forma construtiva”, bem como “falar de forma pedagógica desde o pré-escolar até ao ensino universitário”.
Jorge Cunha, gestor de projetos no Laboratório Colaborativo ForestWISE, observou que “a Engenharia Florestal esteve durante muito tempo fechada sobre si mesmo e não se abriu a outras áreas”. Daí que também defenda que “é preciso comunicar melhor esta área”.
Pedro Lencart, diretor da empresa Antarr, que se dedica ao investimento em Floresta Produtiva Biodiversa, concorda, pois admite “dificuldades em atrair profissionais, sobretudo, para o Interior”. “É uma coisa que me preocupa e não consigo entender”, notou, concedendo que seja mais por “desconhecimento” do que por “não gostar da profissão”.
José Carlos Pinto, delegado distrital de Vila Real da Ordem dos Engenheiros, está ciente da “preferência dos mais jovens por cursos de engenharia mais tecnológicos e digitais”, pelo que o objetivo é “desmistificar uma perceção errada” e provar que “a engenharia florestal envolve cada vez mais tecnologia e digitalização nos seus processos”.
Mais engenheiros
A empresa Antarr e o Laboratório Colaborativo ForestWISE, ambos sediados em Vila Real, são exemplos de estruturas que empregam engenheiros em várias áreas, estando os florestais em larga maioria.
Mais que madeira
Durante a sessão de ontem foi frisado que a floresta é muito mais do que madeira. A resina entra em mais produtos do que se pensa e está ainda subaproveitada em Portugal, não cobrindo as necessidades do país.
Mão de obra
Domingos Lopes alertou que “Portugal precisa de mudar o paradigma” e de “voltar a atrair pessoas para o ensino agrário e florestal”. “Temos de nos educar, porque estas não são profissões menores”, frisou.
Impacto positivo
José Carlos Pinto, delegado distrital de Vila Real da Ordem dos Engenheiros, acredita que “a valorização dos serviços ecológicos terá um impacto positivo na formação de mais engenheiros florestais e agronómicos”.