Medidas de austeridade "têm sido extremas", diz líder da Confederação Sindical Internacional
A secretária-geral da Confederação Sindical Internacional, Sharan Burrow, considerou, este sábado, que as medidas de austeridade impostas a Portugal "têm sido extremas" e as alterações feitas às condições de trabalho "não foram negociadas".
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"Foram impostas. Isto não é um processo democrático. Antes debilita toda a fundação da democracia. Trata-se de uma ditadura económica", disse ainda Sharan Burrow, na abertura do XII Congresso da União Geral de Trabalhadores (UGT), hoje em Lisboa.
A sindicalista elogiou ainda a ação dos sindicatos portugueses, considerando que a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores portugueses face às medidas impostas pela 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) "é uma fonte de inspiração".
A líder da Confederação Sindical Internacional (CSI) assegurou que a estrutura sindical internacional tem como prioridade "aumentar a força dos trabalhadores", acrescentando que, para isso, é preciso que o movimento sindical se organize, e prometeu lutar ao lados dos portugueses para reconquistar os direitos entretanto perdidos.
Também Bernardette Ségol, secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), defendeu que "o sistema [de austeridade] está a chegar a um ponto de rutura", apelando à solidaridade social na União Europeia.
A sindicalista reconhece que é preciso reduzir o défice e a dívida pública, mas alerta que "isto precisa de tempo", sob pena de penalizar o crescimento e de aumentar o desemprego, as desigualdades sociais e a pobreza.
Bernardette Ségol elogiou ainda o "papel exemplar" de João Proença, secretário-geral cessante da UGT, e agradeceu à central sindical portuguesa o apoio que tem dado às iniciativas da CES.
O XII congresso da UGT começou em Lisboa sob o lema "crescimento e emprego", marcado pela saída do secretário-geral João Proença e do presidente João de Deus.
Com um atraso de meia hora, a reunião magna iniciou-se com um momento musical e com a passagem de imagens que têm marcado a história da UGT.
Perante cerca de 900 delegados e algumas dezenas de convidados nacionais estrangeiros, João de Deus abriu os trabalhos com a tradicional saudação.
O ministro da Economia marcou presença na plateia de convidados, a par da assessora para os assuntos laborais do primeiro ministro, dois dirigentes da CGTP e dirigentes das confederações patronais e representantes dos partidos políticos.
Compareceram também à abertura do congresso vários ex-dirigentes da UGT, nomeadamente o anterior secretário-geral José Manuel Torres Couto.