O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, não descarta "nenhuma possibilidade", incluindo avançar com uma requisição civil, para bloquear a anunciada greve dos pilotos da TAP e "salvaguardar o interesse nacional". Greve pode afetar 156 mil passageiros.
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Em entrevista dada à Rádio Renascença na noite de terça-feira, o ministro sublinhou que "estas greves", como a dos pilotos da TAP, que anunciaram já uma paralisação entre 5 e 8 de julho e outra entre 1 e 5 de agosto, "têm um impacto muitíssimo superior ao próprio setor", com consequências para o turismo, indústria e serviços nacionais.
"Estamos em diálogo com os sindicatos, neste momento não vou descartar nenhuma possibilidade, o que interessa para nós é manter o interesse nacional acima de tudo", declarou Santos Pereira.
Na mesma entrevista, o ministro voltou a sublinhar a importância estratégica da transportadora aérea para o país, por ser "uma empresa bandeira", considerando "fundamental" manter o 'hub' da TAP em Portugal e lembrando que esse é um dos critérios definidos no caderno de encargos que vai ser apresentado aos potenciais interessados na privatização.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) entregou a 21 de junho o pré-aviso para uma greve entre 5 e 8 de julho e 1 e 5 de agosto.
Os pilotos da TAP, reunidos em assembleia-geral, decidiram mandatar o sindicato para marcar uma greve, caso a empresa não anulasse as sanções que consideram ter-lhes sido aplicadas indevidamente.
Segundo o comunicado divulgado na altura, os pilotos exigem que a TAP assuma "o compromisso formal de cessação imediata de funções dos atuais titulares dos cargos de Diretor de Operações de Voo e Piloto Chefe" e que assuma "o compromisso de anulação de todas as faltas injustificadas e/ou sanções acessórias aplicadas aos pilotos, decorrentes direta ou indiretamente de interpretações unilaterais do Acordo de Empresa".
De acordo com o comunicado, os pilotos exigiam que, "perante a iminência da privatização", a administração da TAP "considere os pilotos como parte da solução e que reponha a equidade interna, a qual foi posta em causa em 2011".
Segundo o SPAC, a administração da TAP decidiu, em 2011, aumentar em mais de 40 por cento algumas chefias, quando todos os trabalhadores, incluindo os pilotos, "participavam no esforço de adaptação às medidas impostas pelo contexto da crise internacional".
Também os trabalhadores da NAV, a empresa que gere o espaço aéreo nacional, vão fazer greve entre 29 e 30 de junho e a 3 de julho das 6 às 12 horas e das 18 às 22 horas, parando também a 1 e 2 de julho, das 6 às 12 horas e das 17 às 21 horas.
À Lusa, fonte da TAP admitiu que a greve dos controladores aéreos pode afetar cerca de 156 mil passageiros da transportadora.