<br/> A BMW vai investir, até 2025, 30 mil milhões de euros na investigação e desenvolvimento da mobilidade elétrica. Em Portugal já estão disponíveis 14 modelos eletrificados, que já asseguram 25% das vendas da marca em Portugal, revelou ao JN Massimo Senatore, diretor geral da BMW Portugal.
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JN - Neste momento qual a oferta da BMW em híbridos, híbridos Plug-in e elétricos?
Massimo Senatore (MS) - Lançámos o primeiro veículo 100% elétrico - o BMW i3 - há sete anos, e temos, desde então, feito um investimento crescente nesta área. Hoje, temos como objetivo lançar 25 modelos eletrificados no mercado até 2023 e apresentar a próxima geração de sistemas de condução elétrica com células de combustível de hidrogénio, já em 2022.
No início deste ano lançámos o primeiro modelo Mini 100% elétrico e ao longo do ano 12 veículos híbridos Plug-in. Neste momento, em Portugal, temos 14 veículos eletrificados disponíveis na nossa gama de oferta.
Para a BMW, o futuro tem de passar por sermos capazes de oferecer aos clientes o Poder de Escolha - "Power of choice". Neste momento, o objetivo é disponibilizarmos uma ampla oferta de motorizações que lhes permita optar por aquela que melhor se ajuste às suas necessidades - seja movido a gasolina, gasóleo, elétrico ou híbrido. Temos assim, uma grande oferta de tecnologias que permite criar a flexibilidade necessária para impulsionar a mudança na mobilidade mundial.
Um exemplo perfeito é o primeiro SAV (Sport Activity Vehicle) 100% elétrico, o novo BMW iX3. Com este lançamento, o X3 ficará disponível com quatro motorizações distintas: gasolina, gasóleo, híbrida e elétrica. O iX3 terá uma autonomia de, pelo menos, 440 quilómetros (WLTP), e um consumo energético combinado que poderá ficar abaixo dos 20kWh/100Km, sendo o primeiro modelo da nova gama de veículos.
E, como referi, em 2022, planeamos apresentar a próxima geração de sistemas de condução elétrica com células de combustível de hidrogénio, com o BMW i Hydrogen NEXT - em pequenas séries de veículos, baseada no atual BMW X5.
JN - Qual o volume de investimento que a BMW está a fazer no desenvolvimento de novos modelos?
MS - Na BMW, acreditamos que aos grandes desafios se responde com coragem e convicção. E, enquanto fornecedor líder de mobilidade elétrica no segmento Premium, a nossa convicção é que o papel que desempenhamos deve passar pela construção e promoção da mobilidade do futuro.
Continuamos a ser agentes promotores de uma economia mais verde, prosseguindo o trabalho diário na nossa visão estratégica de eletrificação, assegurando o compromisso de alcançar os objetivos globais da neutralidade carbónica.
Para tal, até 2025, vamos investir mais de 30 mil milhões de euros em investigação e desenvolvimento, para assegurarmos a nossa posição enquanto empresa líder no segmento da inovação tecnológica automóvel.
JN - A eletrificação vai atingir todos os modelos?
MS - Apesar do contexto globalmente desafiante que atravessamos, as vendas de veículos eletrificados continuam a aumentar consecutivamente, à semelhança do ano anterior. Nos primeiros nove meses deste ano a BMW vendeu, em Portugal, 7.289 veículos. Destes, 1.824 são eletrificados, o que corresponde a uma quota de 25% do total de vendas. Trata-se de uma das maiores quotas de mercado de veículos eletrificados no nosso país.
Estes dados comprovam aquilo que já sabemos; a mobilidade "verde" é uma urgência, e já começa a ser uma realidade. Portugal ultrapassou recentemente os 10% de quota de veículos elétricos no total de veículos vendidos, o que significa que 1 em cada 10 veículos comercializados é eletrificado.
Trata-se de um claro sinal de que as pessoas estão realmente a mudar os seus hábitos e que esta mentalidade está a afetar a forma como consomem e se movimentam.
Na BMW já temos uma oferta completa de veículos elétricos ou eletrificados em todos os segmentos, mas não temos previsto eletrificar todos os modelos no curto prazo.
JN - A BMW lançou o i3 em 2013, numa altura em que ainda poucos eram os veículos elétricos em comercialização. Mas, depois, mais nada a não ser, noutro registo, o i8. Foi uma oportunidade perdida ou a marca vai a tempo de se posicionar no topo dos Premium eletrificados?
MS - Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1972, em Munique, um BMW 1602e totalmente elétrico seguiu à frente dos atletas nas provas de resistência, para filmar e fornecer água, conforme necessário. Anos mais tarde lançámos o BMW i3, o primeiro veículo Premium 100% elétrico. A BMW tem sido uma marca que se preocupa com o futuro e pensa a longo prazo de forma responsável.
Hoje, quase cinco décadas depois de Munique, aperfeiçoámos essa capacidade, assim como o conhecimento no campo da mobilidade elétrica, através do desenvolvimento contínuo da tecnologia BMW eDrive e da submarca BMW i. É um facto que continuamos a trabalhar no aumento da oferta da produção de veículos híbridos, totalmente elétricos ou plug-in.
Somos um fornecedor líder de mobilidade elétrica no segmento Premium, e temos vindo a fazer um caminho no sentido de promover a mobilidade do futuro, com a mobilidade elétrica como um dos eixos-chave, na defesa de uma economia verde e na aposta na conservação e valorização dos recursos naturais, assente num modelo empresarial consciente e de baixo impacto ecológico.
Exemplo disso, é a criação da nossa joint venture tecnológica, Critical TechWorks, em Portugal [com centros no Porto e em Lisboa], com a qual reafirmamos o posicionamento enquanto um dos fabricantes automóveis líderes em tecnologia, software e conectividade.
JN - O i3 vai ser substituído? O i8 terá sucessor?
O BMW i3 continuará a ser comercializado, visto que dispõe de toda a tecnologia inovadora e necessária para enfrentar os desafios da mobilidade moderna - e para os ultrapassar em silêncio.
Quanto ao BMW i8, a sua produção terminou este ano, não estando previsto um sucessor. Mas estamos focados noutras novidades: até ao final de 2021, e além do iX3, vamos lançar o novo BMW i4 e ainda o BMW iNEXT.
O "novo" automóvel irá participar na transformação da sociedade para uma realidade hiper-conectada e contribuir para uma mobilidade mais sustentável e, consequentemente, para o processo de incremento da gestão inteligente das cidades.
JN - Como será mantido o ADN da marca, caracterizada por reconhecida desportividade?
MS - Queremos olhar sempre para a mudança como algo de emocionante. A agradável desportividade a que se refere, e que é de facto um aspeto que define o nosso ADN, tem vindo, inclusive, a ser reforçada. Exemplo disso foi o anúncio oficial, no mês passado, da nova geração dos desportivos M3 Sedan e M4 Coupé, com as respetivas variantes Competition.
A oferta será complementada, na primavera do próximo ano, com as variantes M xDrive, permitindo aos nossos clientes optarem, pela primeira vez, por um sistema de tração integral desenvolvido para automóveis desportivos.
Com a indústria automóvel a dirigir-se para veículos mais sustentáveis, autónomos e inteligentes, o BMW Group pretende que o futuro da condução esteja relacionado com tecnologia, conforto e potência, não esquecendo, no entanto, os valores "joy" e "fun" da marca, passando para o mercado a clara perceção da BMW como fornecedora de soluções de mobilidade eletrificada, sempre focada no prazer de condução.
JN - Vão ser os futuros BMW entusiasmantes de conduzir?
MS - Explorar novos caminhos exige muitas vezes uma rutura com a tradição e uma forma de pensar completamente nova. A visão do BMW Vision iNEXT dá a estas aspirações formas concretas: ideias visionárias e tecnologias inovadoras tornam-se visíveis pela primeira vez. O futuro móvel torna-se, assim, mais tangível. Uma visão que fornece um estímulo e inspiração para a mobilidade sustentável e isenta de emissões do amanhã.
Outra realidade é a condução autónoma, transformação do interior do BMW sem condutor. Nesta área, vemo-nos no papel pioneiro de assumir uma abordagem totalmente nova na revolução da indústria automóvel. O BMW Group trabalha, há muito tempo e com sucesso, em soluções com vista à condução autónoma.
Portanto, respondendo à questão sobre se os futuros BMW serão entusiasmantes de conduzir? Sem dúvida! Continuaremos a desempenhar o papel pelo qual somos conhecidos; aliar o prazer de condução a novas funcionalidades tais como, usufruir da liberdade dentro do veículo, controlo à distância, assistente de voz inteligente, localização em tempo real ou, simplesmente, de uma maior tranquilidade e segurança.
Desta forma, estamos a elevar a alegria do puro prazer de condução a um novo patamar, para criar um novo mundo na mobilidade elétrica na BMW. No futuro, conduzir um BMW significa mais segurança, mais eficiência e mais entusiasmo, para que os nossos Clientes aproveitem todos os momentos de prazer.
JN - Estão previstos novos modelos? Em que segmentos?
MS - Estamos a ampliar substancialmente a nossa oferta de veículos eletrificados, seja através de viaturas Plug-In ou Mild Hybrid, estando previstos nove novos modelos até 2025, ao abrigo de um ambicioso plano de crescimento a dez anos.
Com a nossa filosofia de "Power of Choice", prevemos comercializar mais de sete milhões de veículos eletrificados até ao final de 2030. De entre os novos modelos incluem-se o iX3, a versão de produção do BMW iNEXT (totalmente elétrico) e o coupé de cinco portas BMW Concept i4, que chegam no próximo ano.
Ainda este ano, lançámos o novo MINI Electric, o Série 330e touring PHEV, o X1 25e PHEV, o X2 25e PHEV, o 530e Touring PHEV e o 545e Berlina PHEV.
JN - Vai manter-se a oferta nos diesel e na gasolina, permitindo o "Power of Choice" dos clientes?
MS - Sim. Acreditamos que os motores de combustão ainda têm um papel importante a desempenhar na mobilidade nos próximos anos. Para a BMW, o importante é poder oferecer uma gama de produtos diversificada que vá ao encontro das necessidades e expetativas dos nossos clientes.
JN - O futuro será um mix de motorizações tradicionais e eletrificadas?
MS - Sem dúvida, pelo menos no curto/ médio prazo. As motorizações estão a evoluir e algumas marcas já anunciam o fim das motorizações térmicas, prometendo a eletrificação total a partir de 2025.
Como já referi, acredito que o futuro é elétrico, mas a nossa aposta no "Power of Choice" é um reflexo direto do olhar e na análise que fazemos do mercado, neste momento. Ainda temos um longo caminho a percorrer e um mix de respostas a dar aos diferentes mercados onde estamos presentes.
JN - Quais as expectativas, em termos de vendas, dos eletrificados versus motorizações tradicionais?
MS - No cenário atual de crise é difícil fazer previsões de vendas pois não conseguimos prever a evolução do mercado neste último trimestre.
Esta crise mundial veio aumentar a consciencialização dos consumidores para as questões ambientais, e a mesma irá sair reforçada, pelo que poderá ser uma oportunidade histórica para a eletrificação de todo o tipo de mobilidade.