Morreu Salvador Guedes, ex-presidente do grupo Sogrape. O presidente da República lamentou a "partida precoce" do gestor, que sofria de uma doença neurodegenerativa, e apresentou "à família as mais sentidas condolências".
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Salvador Guedes, de 64 anos, foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) uma doença neurodegenerativa, em 2012.
Segundo a presidência da República, Salvador da Cunha Guedes "dedicou a vida a causas". Numa primeira etapa empresarial "à causa familiar do vinho, presidindo e desenvolvendo a Sogrape", e numa segunda etapa, "à causa da Esclerose Lateral Amiotrófica", fundando a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica.
"Empenhou a sua coragem e a força do caráter ao serviço dos outros e por esse facto foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Mérito em 3 de outubro de 2016", lê-se na página da presidência, que recorda o elogio feito por Marcelo aquando da condecoração. "Salvador Guedes foi sempre e continua a ser denodadamente um combatente solidário, empenhado em criar pontos de encontro, estruturas de convergência, traços de comunhão de vida com aqueles companheiros de jornada. Sempre chamando tantos outros para a faina comum".
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Salvador Guedes era filho de Fernando Lobo Guedes, falecido em 2018, e neto do fundador da Sogrape, Fernando van Zeller Guedes, que criou a empresa em 1942.
Quando foi diagnosticado com ELA, Salvador passou a presidência da empresa para o irmão, Fernando Guedes, como o pai de ambos, mas continuou a ir à empresa, onde manteve um escritório, participando na gestão da empresa.
Os doentes diagnosticados com ELA têm uma esperança média de vida de cinco anos. Salvador resistiu 10. Perdeu toda a mobilidade, viveu dependente de máquinas e com fisioterapeuta próprio, mas manteve a lucidez. Como Stephen Hawking, um dos mais famosos doentes de ELA no Mundo, que morreu em 2018, o ex-patrão da Sogrape comunicava através do olhar e de uma máquina que traduzia o pensamento.