"Mudar o Mundo é pintar paredes"

É também ter uma certa postura na vida, como a que o levou a dar o seu ursinho favorito quando a escola organizou uma recolha de brinquedos. Célia, a mãe, sabia que passados uns dias seria impossível adormecer o filho sem o companheiro de peluche, foi à escola trocar o boneco, mas a intenção estava lá toda.

Tal como quando acompanhou o avô e ajudou a instalar um televisor novo em casa de uma senhora de idade. André sabe que foram ajudar e não esperava receber nada em troca. Por isso, quando perceberam que a senhora lhes tinha posto dinheiro num bolso, lá voltaram para o devolver.

No raciocínio linear de uma criança de quatro anos, diz que se deve ajudar os pobrezinhos e que gosta de o fazer. A mãe conta como é atento a sinais de pobreza nas ruas e na televisão, que se comove e se voluntaria para ajudar, para dar um brinquedo a quem não tem.

O quarto de André está cheio deles, muitos comprados com o dinheiro que vai juntando, que os pais querem que aprenda a dar valor ao dinheiro. É um quarto tão colorido quanto as paredes da sua imaginação. De olhos vivos e cabelo claro, sorriso autoconfiante, pronuncia a palavra "voluntário" sem se atrapalhar.

Não admira, o tema é falado na escola e, em casa, sempre esteve presente. Os pais participam ativamente na comunidade, através do Conselho Consultivo da Juventude, da Câmara de Matosinhos. Ajudam outras organizações a montar atividades e, sempre que possível, levam o filho com eles.

Atividades como esta deixam-no alerta para as necessidades dos outros, acreditam os pais. Esperam que, à medida que cresce, incorpore o voluntariado como uma maneira de estar na vida, algo que se faz porque não se admite a hipótese de não fazer.

Além do mais, começam a surgir projetos sobre o tema pensados em específico para crianças. É o caso de um filme de animação sobre voluntariado, da iniciativa da Pista Mágica, uma escola de voluntariado e que já está a "rodar".