A secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) defendeu, esta segunda-feira, um aumento imediato de 10% nos salários, com um mínimo de 100 euros e retroativos a janeiro, salientando que esta medida é a questão central.
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"O salário nacional afasta-se cada vez mais da média salarial da União Europeia, defendemos um aumento imediato de 10%, no mínimo de 100 euros, com efeitos a janeiro, e aumentos intercalares no imediato para todos os que não tiverem aumento ou caso este tenha ficado aquém das necessidades", disse Isabel Camarinha, no discurso que fez nas comemorações do 1º de Maio, na Alameda, em Lisboa.
Vincando que "um em cada dez portugueses estão em situação de pobreza", a sindicalista disse que "o salário tem mesmo de aumentar" para 850 euros, e deixou argumentos para quem considera que isso não é possível.
"Para quem nos diz que não é possível por isto ou por aquilo, lembramos os efeitos que a recuperação económica, ainda que limitada, e de direitos entre 2015 e 2019, teve, e contrapomos com os anos anteriores do PSD/CDS e troika; a economia aguenta, sim, e até agradece, porque é o poder aquisitivo dos salários e das pensões que desenvolve a economia", disse a líder da CGTP.
"Não é com medidazinhas que Portugal vai sair do empobrecimento"
Isabel Camarinha disse que "não é com medidazinhas" que Portugal "vai sair do empobrecimento", no início da tradicional manifestação que assinala o 1.º de Maio.
"Para desenvolvermos o país, não podemos continuar neste caminho do empobrecimento, não é com medidazinhas, é com aumento de salários e pensões, com taxação dos lucros, com controlo dos preços, é preciso uma alteração da distribuição da pobreza, e o Governo tem de perceber que não pode continuar o caminho do empobrecimento e o subdesenvolvimento", disse Isabel Camarinha, no início da marcha que leva os manifestantes desde o Martim Moniz até à Alameda, em Lisboa.
Milhares de pessoas percorriam esta tarde a avenida Almirante Reis envergando cartazes e adereços críticos da política do Governo e a favor de melhores condições para os trabalhadores, mas também havia quem optasse por ficar na sombra para fugir ao calor que se faz sentir em Lisboa, e anime os presentes com a música da 'Internacional Socialista' tocada em flauta.
Entre as figuras mais pitorescas estava também um manifestante vestido à 'Zé Povinho', ou ainda outros dois, que seguiam no início do desfile, atrás da banda, vestidos à patrão, com um fato e muitas notas em tamanho gigante a representar o "grande capital", com a inscrição das marcas de supermercados nos chapéus.
"Os trabalhadores estão a viver condições cada vez mais difíceis e precisamos de nos organizar, de nos unir e de lutar para exigir respostas e uma solução para os problemas que estamos a atravessar", vincou a representante dos trabalhadores durante a manifestação em que se liam cartazes como "Salário mínimo 850 euros" ou "O Custo de vida aumenta, o povo não aguenta".
Para Isabel Camarinha, os bons indicadores macroeconómicos e laborais que o Governo apresenta não são sentidos pelos trabalhadores. "Não se pode dizer que a economia está a crescer se os salários não aumentam, se os trabalhadores e reformados estão a empobrecer; os resultados podem ser muito bons, mas não há medidas concretas para resolver os problemas das pessoas", criticou a sindicalista, que ainda esta tarde fará o discurso de encerramento da manifestação na Alameda.