É uma corrente anticonsumo, de voltar às coisas simples da vida, de reduzir o materialismo, de não comprar por comprar. Que parece estar a ganhar força. Valoriza-se mais o lado simbólico.
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Há quem tenha decidido agora, outros não trocam prendas há anos e até há famílias que celebram a época sem nunca ter tido tradição de dar e receber. Aqui, não há papel de embrulho para rasgar. O hábito cultural da troca de prendas talvez esteja a mudar - ou, pelo menos, a ganhar novas formas.
Sandra Salgado arrastou a ideia durante anos, ia tentando lançar a semente, “neste Natal não há trocas de prendas”, anunciava, para logo depois deixar cair a promessa no vazio. Nem ela respeitava a própria regra, acabava sempre por se render a comprar um “miminho” à pressa. Até que no ano passado toda a família embarcou a sério no desafio e o Natal sem prendas foi mesmo avante. “Pelo menos para os adultos”, sublinha. São à volta de 20 pessoas à mesa na noite de consoada, o marido, os dois filhos catraios, os pais, a irmã, a sogra, cunhados, sobrinhos, seis ao todo. Tem 42 anos, mora em Montemor-o-Velho. “A decisão partiu de mim e foi por várias razões. É aquela sensação de imposição, do ter de ser, que esta época nos traz. Parece que é obrigatório comprar prendas”, comenta. A questão económica também pesou, “numa família grande, por pouco que se gaste em cada prenda, o total acaba por ser um valor avultado”. E a preocupação com um consumo sustentável contribuiu.