Cheias que assolam o país africano estão a causar uma redução brutal na produção e na oferta de gás natural liquefeito e de gás natural. Galp já comunicou aos mercados aviso da Nigéria, principal fornecedor de Portugal.
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A Galp recebeu da Nigeria LNG, o seu principal fornecedor de gás natural, um "aviso de força maior" de que as cheias que estão a afetar aquele país africano estão a causar uma "redução substancial" na produção e na oferta de gás natural liquefeito e de gás natural.
No Início deste mês, uma notícia avançada pelo Jornal de Negócios dava conta de que a Nigéria tinha falhado quatro entregas de gás natural a Portugal o que teria levado o secretário de Estado da Energia, João Galamba, a deslocar-se àquele país africano, por forma a garantir as entregas contratualizadas a Portugal.
"Houve aqui alguma desinformação, porque foi entendido que aquilo que foram as entregas que não corresponderam ao contrato, houve um entendimento que elas teriam acontecido recentemente. Não é um facto, elas foram acontecendo desde o final do ano passado até este ano, foram distribuídas no tempo", explicou na semana passada o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, em conferência de imprensa sobre o pacote de 3000 milhões de euros para apoio à fatura energética das empresas.
"Temos confiança na Nigéria e naquilo que é o cumprimento dos contratos que têm connosco. É isso que nós esperamos e é isso que nós procuraremos que venha a acontecer", reiterou o governante.
Em comunicado enviado esta noite à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp diz agora que a situação poderá resultar em "perturbações adicionais de fornecimento."
"A Galp lamenta o impacto humanitário causado pelas cheias e "continuará a monitorizar atentamente esta situação, e a informar de qualquer desenvolvimento com impacto material", pode ler-se na nota ao regulador.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse, a 6 de outubro, em Paris, que Portugal acredita que a Nigéria está a fazer "todos os esforços" para entregar o gás com o qual se comprometeu e que os contratos deste género preveem "penalizações e prazos".
Desde o início da estação chuvosa, muitas partes do país mais populoso de África foram devastadas por inundações, aumentando os temores de um agravamento da insegurança alimentar e da inflação. Mais de 600 pessoas morreram desde junho nas inundações mais mortíferas a atingir a Nigéria numa década, causadas por chuvas sem precedentes, que forçaram 1,3 milhão de pessoas a abandonar as suas casas.