A Nissan vai investir 16 mil milhões de euros, que se traduzirão em 23 novos modelos eletrificados, dos quais 15 serão 100% elétricos. Um objetivo divulgado durante a sétima edição do evento "Nissan Crossover Domination", que decorreu nos Pirenéus e que serviu para mostrar toda a gama de crossovers da marca nipónica, agora totalmente eletrificada.
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A um setor que ainda sofre com os efeitos da pandemia (de que resultaram, entre outros, a falta de semicondutores e problemas nos transportes marítimos e terrestre) e com o aumento dos custos da energia e das matérias-primas provocados pela guerra na Ucrânia, é pedido o esforço de, em 2035, cessar a comercialização de viaturas novas com motores a combustão.
Se outras marcas têm optado por produzir modelos 100% elétricos, a Nissan entendeu criar um patamar intermédio e introduziu nos seus mais conhecidos crossovers - Juke, Qasqhai e X-Trail - as motorizações denominadas e-Power, nas quais um motor a gasolina tem como única função carregar as baterias para alimentar um motor elétrico. E, enquanto isso, lançou o Ariya, um novo modelo, elétrico, que se destaca pelas generosas quotas de habitabilidade.
Durante dois dias houve oportunidade de experimentar todos os modelos, tendo começado a jornada ligando Barcelona a Puigcerdá, bem perto da fronteira francesa, ao volante de um X-Trail e-4force (tração integral) e depois um bem económico Juke.
Pelo meio houve tempo de levar o X-Trail à neve, onde mostrou as capacidades sistema de tração integral e-4ORCE, concebido para ser utilizado nas motorizações elétricas puras da Nissan ou nas e-Power. Em ambos os casos, as rodas de tração são alimentadas exclusivamente por motores elétricos.
Num trajeto em que o piso foi passando de seco, a coberto por placas de gelo e, finalmente, por neve, o X-Trail em momento algum nos colocou em dificuldades, permitindo evoluir em serenidade e com conforto.
No regresso dividimos trajeto entre um Qasqhai e um Aiyra, modelo cujo sucesso tem surpreendido a marca. E com razão. Trata-se de um crossover disponível em três versões (duas rodas motrizes de 63kWh e 87kWh e o e-4orce AWD de 87kWh) e uma autonomia de até 530 quilómetros, com bastante espaço, bem construído e com consumos contidos.
Tem alguns gadgets interessantes, como a consola central deslizante ou um porta-luvas ao centro, e o facto de o sistema de controlo climático estar sob o capot permitiu libertar espaço para os designers usarem todo o comprimento do habitáculo e criarem um piso plano e aberto.
Baterias de estado sólido em 2024
Em Puigcerdá a Nissan anunciou, igualmente, o arranque em 2024 da fábrica-piloto de baterias de estado sólido, que ficará instalada em Yokohama.
"São baterias mais eficientes, que permitem mais autonomia e redução de custos", sublinhou José Botas, diretor-geral da Nissan Portugal, que apontou para 2028 a sua introdução em modelos de série.
"Vamos lançar a tecnologia sem cobalto, para reduzir os custos das baterias em 65% e vender os automóveis elétricos com baterias de estado sólido próprias. Em 2030 teremos 100% das nossas vendas na Europa eletrificadas e vamos ter em praticamente todos os modelos tecnologias de automóveis autónomas que incorporam sistemas LIDAR [Light Detection And Ranging ou Deteção e Alcance de Luz]", referiu José Botas.
Gama completa
Oportunidade, igualmente, para destacar a gama de crossovers eletrificados da marca, renovada no ano passado com o Juke Hybrid, o Qasqhai e-Power, o X-Trail e o Ayria.
O primeiro tem agora 143 cavalos de potência, incorpora o e-Pedal (que desacelera o Juke até cerca de 5 km/h) e permite circular em modo exclusivamente elétrico até 55 km/h.
O Qasqhai dispõe de motorização de tração exclusivamente elétrica, tendo uma bateria que alimenta o motor de 190cv e um motor de combustão que recarrega a bateria em movimento.
"É uma referência na Europa e foi líder em Portugal até à segunda geração. Oferece uma experiência de condução refinada e é uma forma de transição para os veículos 100% elétricos", realçou Isilda Amaral, diretora de Marketing da Nissan Portugal.
O X-Trail, também disponível com sete lugares, regressa a Portugal após três anos em que a fiscalidade o atirava para valores de venda ao público proibitivos, desta vez com motorização e-Power e o e-4ORCE, que distribui instantaneamente a potência adequada às rodas de acordo com a aderência disponível em cada uma delas.
O sistema controla ainda independentemente a travagem em cada uma das rodas para maximizar a força gerada por cada uma em curvas.
Estará igualmente disponível uma motorização baseada no motor de 1,5 litros turbo comprimido e com relação de compressão variável, mas com tração a duas rodas. Tem 163cv e 300Nm de binário, associado a uma transmissão de variação contínua Xtronic.
O motor está equipado com tecnologia híbrida suave de 12v, que fornece assistência ao binário, à paragem prolongada, reinício rápido e desaceleração. Ao desacelerar, a energia é recuperada através da regeneração e armazenada na bateria de iões de lítio, sendo usada para manter em funcionamento os sistemas do automóvel enquanto o motor está parado, por exemplo, num sinal vermelho.