Representantes da região pedem que interesses do aeroporto do Porto sejam "acautelados" e não esquecidos.
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O plano de reestruturação da TAP aprovado anteontem pela Comissão Europeia, em que se prevê uma injeção de 2,55 mil milhões de euros na companhia aérea portuguesa, vai exigir a cedência de até 18 "slots" (faixas horárias) a concorrentes. O compromisso terá de ser executado no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Para o presidente da Associação Comercial do Porto, este é mais um "cheque" dado à TAP pelos contribuintes portugueses.
"Os interesses do aeroporto do Porto continuam a não ser acautelados, porque a TAP tem mais de 90% da sua operação concentrada no aeroporto de Lisboa", diz Nuno Botelho. "Não vejo razão para tanto entusiasmo", acrescenta, referindo-se ao anúncio do ministro Pedro Nuno Santos sobre a aprovação de Bruxelas.
Também António Cunha escreveu no Twitter que "o Norte não pode ser esquecido pela TAP, enquanto companhia de bandeira nacional". O presidente da CCDR-Norte e da Euro-Região Galiza - Norte de Portugal disse ainda que o Aeroporto Francisco Sá Carneiro "é uma infraestrutura que serve, aliás, todo o noroeste peninsular".
Por seu lado, Xoan Mao, secretário-geral do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, disse à Lusa que as ligações feitas através do aeroporto do Porto são "mais importantes " do que a companhia aérea que as faz.
Contactado pelo JN, o gabinete de comunicação da Câmara do Porto disse que o autarca Rui Moreira não iria comentar o tema.
Libertar "slots"
Nuno Botelho pede ao Governo que assuma que a "TAP só funciona a partir do aeroporto de Lisboa" e liberte "slots" nos aeroportos do Porto e de Faro, para que captem rotas internacionais, essenciais para o turismo, indústria e empresas.
A Ryanair criticou ontem a aprovação da Comissão Europeia ao plano de reestruturação da TAP. Em comunicado, o CEO da companhia irlandesa defendeu que Bruxelas liberte as "slots" até ao verão do próximo ano e não conceda auxílios a "transportadoras aéreas nacionais sem futuro", defendeu Michael O'Leary.
Já a Easyjet disse esperar que o processo de cedência seja "transparente e aberto a todos os "players" [operadores]". Fonte de Bruxelas afirmou à Lusa que a atribuição das "slots" a apenas uma companhia vai permitir que compita "eficazmente".
Também as críticas ao plano aprovado não escaparam aos partidos políticos. O PSD disse ter "muitas dúvidas" que a reestruturação seja suficiente para resolver a sustentabilidade da TAP. Já Francisco Rodrigues dos Santos declarou no Twitter que a companhia seria "privatizada no dia seguinte" com o CDS no Governo. O PCP defendeu que o plano é uma "punição" para os interesses do país e o PAN referiu que "não é uma tábua de salvação".