Comparação do primeiro semestre entre este ano e o transato mostra subida de 86% no Porto. Em Lisboa já viajaram mais de 62 milhões de pessoas.
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O transporte público está a reconquistar os portugueses nas grandes cidades. Este ano, no Porto e em Lisboa o metro volta a ganhar primazia. Entre janeiro e junho, o aumento de 85,8% no Porto (mais de 30,5 milhões de utentes) quase eleva para o dobro as validações, comparando com o primeiro semestre de 2021. Já Lisboa teve 62,6 milhões de utentes, contabilidade bem maior comparativamente aos 30,9 milhões de 2021.
Ultrapassados os confinamentos, o metro portuense viu todas as linhas crescerem no transporte de passageiros. O aumento de 85,8% equivale a 30 536 070 viajantes , valor muito próximo de duplicar a conta do ano passado, fixada em 16 431 348 utentes. Ainda assim, a procura está 10% abaixo dos níveis pré-pandemia.
Em 2019, a totalidade dos 12 meses correspondeu a 71,3 milhões de utilizadores, o que constitui um recorde à espera de ser batido. Se não for antes, a entrada em funcionamento da extensão da Linha Amarela até Vila d'Este (Gaia) e a futura Linha Rosa, entre a Estação de S. Bento e a Casa da Música, ambas em fase de obra, levarão a um novo máximo.
Para a empresa Metro do Porto, o movimento registado na primeira metade de 2022 significa o "retomar da normalidade" e a "reconquista do peso deste meio de transporte".
Operações especiais
Por percentagens, a Linha Violeta, do aeroporto, foi a que mais disparou: 332%. "É o regresso do turismo e o metro acompanha essa dinâmica", explica a empresa.
Na contagem das validações, a Linha Amarela, que liga o Hospital de São João (Porto) a Santo Ovídio (Gaia) aparece, sem surpresa, no segundo lugar, com um incremento de 84%. A seguir posicionam-se as linhas Vermelha (Estádio do Dragão/Póvoa de Varzim) e Laranja (Fânzeres/Senhora da Hora), com crescimentos de 72,9% e 71,9%, respetivamente.
A par do retorno às lides profissionais, vários eventos favoreceram os números apresentados. "As operações especiais da semana da Queima das Fitas e das celebrações da vitória do F. C. Porto na Liga, assim como dos festejos do Senhor de Matosinhos e do S. João, foram um sucesso e fundamentais para a mobilidade", é realçado.
Acautelando o que aí vem, em setembro, como o reatar das atividades escolares, a transportadora promete "a melhor oferta possível". Setembro marcará também a reabertura do Mercado do Bolhão. A juntar à novidade da reabilitação, quem viajar de metro contará com uma nova entrada subterrânea, a partir da Estação do Bolhão, com acesso direto ao histórico mercado.
No rede metropolitana salta à vista a avalanche na Linha Violeta. No quadro comparativo do primeiro semestre, a procura mais do que triplicou, ao passar de 124 128 passageiros em 2021 para 536 014 este ano.
nota positiva
Na estação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, os turistas que usam o metro elogiam a sua eficácia. Ainara Navarro, de Alicante (Espanha), tinha acabado de chegar do país vizinho. Na companhia da mãe, adquiriu os bilhetes para viajarem até à Trindade. "Está a correr tudo bem. Foi fácil adquirir os bilhetes na máquina. Daqui seguimos para o centro. Descansaremos umas horas e vamos para Ponte de Lima, onde iniciaremos o caminho, a pé, até Santiago", diz, entusiasmada.
A fazer horas para apanhar o voo até Dublin, na Irlanda, Bryan Masterson e a família deslocaram-se até à estação para verem as carruagens. O filho, Fine, é um apaixonado pelas linhas. O pai, Bryan, lamenta que em Dublin o projeto do metro esteja a ser sucessivamente adiado e dá "nota bastante positiva" à engrenagem portuense.
Apesar de reconhecer as dificuldades que as obras estão a causar na Baixa, promete "regressar" quando o traçado da Linha Rosa estiver concluído para "testar a sua utilidade". Já Maria Vieira, proveniente de Montpellier (França), está pronta para entrar na carruagem que a levará até à estação ferroviária de Campanhã, na zona oriental do Porto. Dali seguirá de comboio até Pombal. "É prático. O metro só trouxe vantagens", elogia.
Novas composições estão a ser construídas na China
18 carruagens
Em julho, a empresa China Railway Rolling Stock Corp. (CRRC) Tangshan concluiu o fabrico da primeira de 18 novas composições encomendadas pela Metro do Porto, que passará por um período de testes antes de vir para Portugal.
72 lugares
Segundo a fabricante chinesa, cada uma das composições terá 72 lugares, uma capacidade máxima de 334 passageiros e velocidade máxima de 80 quilómetros por hora.
5 anos de manutenção
O contrato assinado em janeiro de 2020, após o visto prévio do Tribunal de Contas, inclui serviços de manutenção durante cinco anos, referiu a CRRC Tangshan.
Utilização
As composições da CRRC Tangshan irão servir a Linha Rosa, no Porto, e o prolongamento da Linha Amarela, até Vila d"Este, em Gaia, ambas em construção.
Mais sete estações
Estas novas linhas vão acrescentar seis quilómetros e sete estações à rede de metro do Porto, representando um investimento global na ordem dos 300 milhões de euros.