O dono disto tudo, como era conhecido, caiu em desgraça. Os problemas de Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, tinham despontado há algum tempo, mas só em 2014 é que o cidadão comum viu a bomba estourar. Foi o fim da dinastia dos Espírito Santo. Devido ao peso que todo o grupo tem na economia (está em vários setores além da banca), as campainhas de alarme soaram. Nasceu um Novo Banco e agora o Parlamento vai tentar desvendar a narrativa que levou a um dos maiores colapsos da nossa história.
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24 setembro 2013
PEDRO Queiroz Pereira (PQP), presidente da Semapa, escreve uma carta a Carlos Costa, governador do Banco de Portugal (BdP). Na missiva, PQP explica que Espírito Santo International (ESI) estava basicamente falida. Apela ao BdP para que atue em conformidade.
7 novembro 2013
O CONSELHO Superior do Grupo Espírito Santo (GES reúne-se e José Maria Ricciardi, presidente do BESI, tenta destituir o primo Ricardo Salgado da presidência do BES. Ricciardi não tem sucesso no imediato, mas a verdade é que nada seria como dantes.
21 maio 2014
É ANUNCIADO um aumento de capital de 1,045 mil milhões de euros e identificado no prospeto da operação um buraco de 1,3 mil milhões de euros na ESI. Um primeiro sinal de alarme que confirmava as suspeitas de PQP secretamente manifestadas junto de Carlos Costa. No dia seguinte, Ricardo Salgado admite que houve erros na gestão da ESI, mas responsabiliza o contabilista pela ocultação de prejuízos.
7 junho 2014
O "EXPRESSO" noticia que se perdeu o rasto a empréstimos de 5,7 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) no BES Angola.
13 junho 2014
O CONTABILISTA da ESI, Francisco Machado da Cruz, contradiz Salgado e acusa-o de saber que as contas da ESI eram manipuladas desde 2008.
20 junho 2014
A SAÍDA de Ricardo Salgado da presidência do BES é anunciada, mas ele irá manter-se no cargo até meados de julho, altura em que entra Vítor Bento para o seu lugar (viria a ser substituído por Stock da Cunha a 14 de setembro). Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES, chega a ser apontado pela Espírito Santo Financial Group, acionista do BES com 25,1%, para suceder a Salgado.
26 junho 2014
A PT investiu 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, empresa do GES, noticia o "Expresso". Existe risco de não reembolso do papel comercial, que vence a 15 e 17 de julho.
30 de junho 2014
TINHAM passado dez dias desde que fora tornada pública a saída de Salgado do BES, mas o banqueiro ainda se mantinha em funções. Foi o suficiente para que o banco sofresse um rombo de 1,5 mil milhões. Bastaram duas operações datadas de 30 de junho para que tal acontecesse.
2 de julho 2014
A OI diz que não foi informada do investimento da PT na Rioforte e solicitou esclarecimentos adicionais à operadora portuguesa. Henrique Granadeiro acabaria por deixar a presidência da PT a 7 de agosto e Zeinal Bava abandonaria a liderança da Oi a 8 de outubro.
14 julho de 2014
É COMUNICADA a cooptação de Vítor Bento, presidente da SIBS, como presidente executivo do BES, sendo acompanhado por José Honório (ex-presidente executivo da Portucel) como vice-presidente e João Moreira Rato (ex-presidente do IGCP) como administrador financeiro.
18 julho 2014
A ESI informa que se candidatou ao regime de gestão controlada no Luxemburgo por não estar "em condições de cumprir as suas obrigações", quanto ao pagamento das dívidas. No dia 22, a Rioforte segue o mesmo caminho.
24 julho 2014
RICARDO SALGADO é detido para interrogatório no âmbito da operação Monte Branco, que investiga a maior rede de branqueamento de capitais em Portugal. Sai em liberdade após o pagamento de uma caução de três milhões de euros.
30 julho 2014
O BES divulga a meio da noite um prejuízo histórico de 3577,3 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano, um valor que compara com o prejuízo de 237,4 milhões de euros, apurado no primeiro semestre de 2013.
3 agosto 2014
O BANCO de Portugal separa o BES em dois. O banco-bom e o banco-mau. O banco-mau é o antigo BES e inclui todos os ativos tóxicos. Nasce então o BES-bom, que passa a ter o nome de Novo Banco. O Novo Banco será recapitalizado com 4900 milhões de euros provenientes do Fundo de Resolução.