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Tem o nome do pai (também se chama Luís Filipe), mas, para evitar as confusões, usa uma versão abreviada. Sonhou ser médico como pai, tia e avô, mas reconhece que levar a vida normal de adolescente é incompatível com as médias estratosféricas de 19 valores exigidas para entrar em Medicina.
Se está na política ativa (é vice-presidente do grupo parlamentar do PSD) isso deve-se mais uma vez ao pai, pois só se envolveu na política partidária quando Menezes se candidatou à liderança do PSD. "Até meti férias para fazer a campanha", conta, sintetizando numa frase a mudança de atitude: "Passei de canto a esquina".
Tinha cinco anos quando foi para Paris , onde começou a primária, enquanto o pai praticava Pediatria no Hospital Necker. No regresso, foi para Lisboa, onde beneficiou do ensino competente e rigoroso do Planalto, um colégio ligado à Opus Dei.
Tinha 17 anos quando regressou ao Porto e se inscreveu em Engenharia Química, onde se demorou apenas o tempo necessário para perceber que se enganara e transferir-se para Economia.
A média final de 16 valores (foi o 2.0 melhor do curso) é a prova dos nove de que acertou à segunda tentativa, pois não deixou de viver a vida de universitário, ganhando os primeiros euros trabalhando em bares de discotecas na zona da Via Rápida. Mas foi em libras (mais de três mil) o primeiro dinheiro que ganhou a sério, durante um estágio de três meses no M&A (fusões e aquisições) da JP Morgan, em Londres, iniciado a 7 de julho de 2002, três dias depois de ter concluído o curso na Católica. "Foi impecável. Aprendi muito e trabalhei como um cão, às vezes 20 horas por dia, só dava para ir tomar banho e mudar de roupa ao T0 que tinha alugado em South Kensington", diz.
De volta ao Porto, foi trabalhar para a Fundação Ilídio Pinho, como assessor da Administração na área de investimentos, experiência que só durou dois anos e meio porque lhe fizeram um convite a que não podia dizer não.
Tobias Fenster, CEO ibérico da Unilabs, foi quem o convidou a ser o diretor-geral da filial portuguesa desta multinacional suíça da área do diagnóstico que adquirira o Laboratório de Análises Clínicas Carlos Torres.
Luís aceitou e passou os últimos cinco anos a dirigir o crescimento, por via de aquisições, e racionalização da Unilabs Portugal, que fatura 23 milhões de euros, emprega 400 trabalhadores e dispõe de 180 pontos de recolha, entre Monção e Aveiro.
Agora o desafio é, através da centralização da produção, ser capaz de reduzir os custos ao ponto de fazer face à pressão dos clientes (seguradoras, SNS e ADSE são quem paga 95% dos 5 milhões de análises/ano feitas por 750 mil doentes) para baixarem os preços - que caíram 30% nos últimos anos.
Em 2009, quando Marco António o convidou para ser deputado pelo PSD, Luís voou para Genebra onde expôs a situação ao CEO da Unilabs, que o estimulou a aceitar o convite e a acumular as carreiras de gestor e político.
"Tenho a sorte de ter uma equipa fantástica. Mas sei que um dia vou ser obrigado a escolher. Também sei que nessa altura vou decidir-me pela gestão", conclui Luís Menezes, 32 anos.