A necessidade de criar ferramentas capazes de escalpelizar os dados relativos ao turismo, de forma a conhecer, por exemplo, as áreas do Porto mais visitadas para lá dos pontos mais turísticos da cidade, foi um dos temas debatidos no Fórum Internacional da Alfândega do Porto, que ontem encheu o salão nobre do edifício.
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Depois da abertura da sessão, a cargo de Mário Ferreira, presidente da Alfândega do Porto, e de Domingos de Andrade, administrador do Global Media Group, a que pertence o JN, o painel de oradores avaliou os pontos fortes e as questões a melhorar, seguindo o tema da iniciativa: "Turismo, a principal indústria mundial. Congresso e Cultura como fatores essenciais".
Beraldino Pinto, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, notou que é preciso associar ao setor uma entidade que possa recolher e tratar os dados relativos ao turismo de congressos. Catarina Santos Cunha, vereadora do Turismo da Câmara do Porto, lembrou que o Observatório Regional de Turismo Sustentável da região do Porto e Norte de Portugal, cujo objetivo é avaliar e monitorar a atividade turística, arrancará em meados de 2023.
A Alfândega do Porto, recorde-se, recebeu, desde 2014, mais de mil eventos, para um total de participantes e visitantes que se aproxima dos dois milhões .
A vereadora do Turismo assinalou, a este propósito, que "o turismo de congressos está em crescimento na cidade. Até ao final do ano, teremos cerca de 40 congressos".
Criar novas narrativas
Hermano Rodrigues, responsável da Ernst & Young, frisou, por seu turno, que Portugal está bem posicionado a nível internacional, quando falamos de turismo de negócios. Contudo, "mais de 70% deste turismo está fixado em Lisboa".
Já Guta Moura Guedes, presidente da Experimenta, apontou a importância da construção de narrativas que, partindo "de um certo local, possam gerar interesse nos turistas. Todos reagimos a uma boa narrativa".
Tendo como pano de fundo o facto de o Porto ter sido distinguido, este ano, como melhor destino de cidade do Mundo, Augusto Mateus, orador principal do Fórum, assinalou a "importância da Alfândega do Porto" num contexto de "plena recuperação do turismo"em 2023.
"O que temos pela frente é a reinvenção do turismo", referiu o economista, o que coloca interessantes desafios e abre oportunidades a instituições como a Alfândega do Porto. "O turismo é responsável por cerca de 25% dos empregos à escala mundial, bem como pelo progresso de ramos como a indústria e serviços", frisou o ex-ministro da Economia. Na verdade, o turismo ofereceu a Portugal "uma autêntica bazuca", concluiu Augusto Mateus.
Mil empregos gerados no espaço de cinco anos
Entre 2014 e 2019, o Centro de Congressos da Alfândega do Porto e o Museu dos Transportes e Comunicações geraram quase 300 milhões de euros em bens e serviços, perto de 150 milhões de valor acrescentado bruto (resultado da atividade produtiva), 17 milhões de euros em receitas fiscais e um contributo para a balança comercial a rondar 30 milhões de euros.
O estudo feito pela consultora Ernst & Young para avaliar o impacto da Alfândega na economia nacional mostra ainda que, entre postos de trabalho diretos e indiretos, foram mais de mil as pessoas que beneficiaram da "performance" da AMTC. Acresce que, ainda de acordo com o mesmo estudo, um euro gerado na Alfândega tem um efeito multiplicador que chega aos 3,4 euros.
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