Os automobilistas que circulam nas antigas SCUT que há um ano passaram a ter portagens fazem autênticos ziguezagues diários para evitar os pórticos, continuando a usar as autoestradas nos troços isentos.
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Uma análise detalhada aos dados oficiais permite constatar que as quedas de tráfego verificadas nos troços com pórticos de portagem são cerca de três vezes superiores às dos troços isentos.
Como exemplo, o tráfego no troço Angeiras-Modivas da A28, que tem pórtico de portagem, caiu 43,6% entre os meses de Junho de 2010 e 2011, enquanto no troço ao lado, Modivas-EN 104, sem pórtico, a redução foi de apenas 17,4 por cento.
Por dia, são menos 30 mil veículos que passam no troço Angeiras-Modivas e menos 10 mil no troço Modivas-EN 104.
Situação idêntica acontece na A29, onde todos os dias cerca de 20 mil condutores evitam o troço Miramar-ER1-18, que tem pórtico de portagem, mas percorrem o troço ao lado, que não é pago, entre Miramar e a Granja.
A queda de tráfego no primeiro troço da A29 com pórtico de portagem foi de 55,6% em Junho relativamente ao mesmo mês de 2010, enquanto no troço Miramar-Granja a redução foi de 36%.
O percurso inicial da A4, integrado na ex-SCUT Grande Porto, perdeu 10 mil veículos por dia (17%) no último ano nos primeiros pequenos troços isentos e 24 mil (40%) no seguinte, que é pago.
Globalmente, de acordo com os relatórios de tráfego dos dois primeiros trimestres de 2011 divulgados pelo Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (InRI), a concessão da Costa de Prata registou uma queda de tráfego de 46,2% no primeiro semestre relativamente ao período homólogo de 2010.
Na concessão Grande Porto, a queda foi de 43,4% e na Norte Litoral (ainda parcialmente isenta de portagens) de 25,4%.
Os ziguezagues dos automobilistas para evitar os pórticos poderão explicar parte do desvio das receitas das portagens relativamente às previsões avançadas pelo anterior governo.
Segundo dados revelados terça-feira à agência Lusa pela Estradas de Portugal, as receitas nos primeiros 10 meses e meio de cobrança de portagens nas SCUT Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata foram de 72 milhões de euros, bastante longe da estimativa de "120 a 130 milhões" anuais feita, em maio de 2010 no Parlamento, pelo ex-ministro das Obras Públicas António Mendonça.