Paços de Ferreira e Mirandela entre os concelhos que reforçam aposta na mobilidade elétrica
A segunda fase do projeto "Ruas Elétricas" vai possibilitar a instalação de 40 postos de carregamento para veículos elétricos em arruamentos com edifícios sem estacionamento. São 18 os municípios candidatos, anunciou a Mobi.E, a Entidade Gestora da Rede de Mobilidade Elértrica.
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Paços de Ferreira, candidato à instalação de quatro postos, e Mirandela e Ourém, a três, destacam-se entre os 18 municípios candidatos à segunda fase do projeto "Ruas Elétricas", que possibilita a instalação de postos de carregamento em ruas com edifícios sem estacionamento próprio. Com um orçamento de 540 mil euros, de um total 2,3 milhões de euros que não foram esgotados na fase inicial, verba cofinanciada pelo Fundo Ambiental, a segunda fase do programa pretende instalar, ainda, mais dois destes postos de carregamento aos municípios de Borba, Carregal do Sal, Castanheira de Pera, Constância, Crato, Fundão, Marvão, Mora, Oleiros, São João da Pesqueira, Santa Cruz das Flores, Sertã, Sousel, Tábua e Trofa.
"Cada posto terá uma potência de 22 kW, com dois pontos de carregamento em simultâneo”, totalizando 80 pontos de carregamento, “devendo permitir carregamentos ad hoc, sem contrato prévio com um Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica", informou a Mobi.E, em comunicado. "Prevê-se que os postos entrem em funcionamento até ao final deste ano”, acrescenta a Entidade Gestora da Rede de Mobilidade Elétrica (EGME).
Associação alerta para "escalada de preços"
O concurso internacional, publicado no Diário da República e no Jornal Oficial da União Europeia, determina um prazo de 30 dias para que os Operadores de Pontos de Carregamento (OPC) apresentem propostas através da plataforma de compras públicas acinGov, ou seja, até ao dia 21 de março, informa Mobi.E. "A iniciativa visa dotar de postos de carregamento ruas em zonas urbanas, residenciais ou comerciais, onde predominam edifícios sem parqueamento próprio, criando as condições necessárias para que os moradores destas zonas possam vir a adquirir veículos elétricos", acrescenta.
Uma inciativa que vai ao encontro de uma das exigências da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), que em 2025 assinala dez anos de atividade. “A Mobilidade Elétrica não pode ser exclusiva daqueles que têm onde carregar fora da rede pública e a aceleração da transição energética ao nível da mobilidade tem de ser acessível a todos”, lê-se no manifesto “O Estado da Rede – A Incerteza Instalada”, publicado no site da UVE, preocupada com o aumento dos custos de carregamento dos carros elétricos.
“Em 2024 assistimos a um aumento de 5% em média, nos custos de carregamento na rede pública, com os novos postos que entraram em funcionamento em dezembro de 2024 a apresentarem valores, em média, 28% superiores aos existentes em janeiro de 2024”, informa a UVE. “É urgente encontrar soluções para a escalada de preços que vimos acontecer em 2024, com os novos postos de carregamento a entrarem em operação com tarifas sucessivamente mais caras”, alerta aquela associação,
“É urgente a elaboração de um manual de boas práticas e o estabelecimento de regras globais que devem ser seguidas, tanto no licenciamento de espaço público para instalação de PCVE, como para os concursos municipais”, argumenta UVE. “Deixar os municípios sem linhas de orientação leva à perda de tempo em concursos “vazios” e/ou estabelecimento de condições inaceitáveis para o utilizador, prejudicando o desenvolvimento da Mobilidade Elétrica”, diz o manifesto daquela associação de utentes de veículos elétricos.
Oito mil veículos elétricos por mês em Portugal
Segundo a Mobi.E, a primeira fase do projeto "Ruas Elétricas" está em implementação e prevê a instalação de um total de 156 postos de carregamento (312 pontos) em 62 municípios. Os lotes, que foram a concurso em setembro último, foram adjudicados à EDP Comercial, Wowplug, Ecoinside, Mota-Engil Renewing, Galp e Wenea, lê-se no comunicado.
De acordo com a UVE, “a rede de carregamento pública necessita de crescer constantemente, de forma a acomodar os mais de oito mil veículos elétricos (100% elétricos e híbridos plug-in) registados em Portugal mensalmente”. Isto, num cenário de aumento dos custos do carregamento e de “dúvidas nas verdadeiras alterações que a tutela pretende levar a cabo, que instalaram um clima de incerteza em todos os agentes de mercado”, principalmente nos Operadores de Pontos de Carregamento e nos Comercializadores de Eletricidade, lê-se no referido manifesto.
“Infelizmente, assistimos a um novo momento muito complicado para a nossa rede de carregamento e modelo de Mobilidade Elétrica. Desde abril de 2024, a tutela mostrou publicamente, por diversas ocasiões, a intenção de modificar o atual modelo de Mobilidade Elétrica em Portugal”, recorda a UVE. “No entanto, as declarações por parte da tutela seguiram num sentido de alterações mais profundas, sugerindo mesmo o fim do modelo de rede atual e não a sua evolução e melhoria. Desde junho de 2024, temos assistido a compromissos de datas, que são adiadas e canceladas por parte da tutela, até chegarmos ao momento atual onde não existe qualquer ideia ou compromisso de conclusão do trabalho que está a ser executado”, lamenta aquela associação, no referido manifesto, datado de 15 de janeiro.