O PS advertiu esta quinta-feira que a privatização da TAP está ainda numa "fase intercalar" e que um Governo socialista fará reverter o processo. O BE critica "valor simbólico" e o PCP critica venda por "bagatela".
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Em conferência de imprensa, o coordenador da bancada socialista para a Economia, Rui Paulo Figueiredo, adiantou também que o PS chamará ao parlamento, com caráter de urgência, o ministro da Economia, Pires de Lima, para dar explicações detalhadas sobre o processo de privatização da TAP.
Estas posições foram assumidas pelo dirigente socialista após o Conselho de Ministros ter anunciado a decisão de vender a TAP ao consórcio Gateway, liderado pelo norte-americano e brasileiro David Neeleman, que está associado ao português Humberto Pedrosa (da Barraqueiro), rejeitando pela segunda vez a proposta de Germán Efromovich (dono da Avianca).
"Um Governo liderado [pelo secretário-geral do PS] António Costa tudo fará para que o Estado continue a manter a maioria do capital social da TAP. Por isso, o que importa agora é que o povo retire o poder ao Governo de Pedro Passos Coelho para que deixe de continuar a fazer asneiras", afirmou o deputado do PS.
BE agenda debate para sexta-feira
O BE requereu um debate de atualidade sobre a privatização da TAP para sexta-feira e a Mesa da Assembleia da República agendou-o para o início da ordem de trabalhos, segundo o grupo parlamentar bloquista.
A deputada do BE Mariana Mortágua classificou a decisão de venda da TAP como uma "entrega por valor simbólico", acrescentando que o primeiro-ministro precisa de ter "cara de pau" para apresentá-la como um bom negócio.
"Aquilo que foi decidido em Conselho de Ministros foi a entrega da TAP por um valor simbólico [10 milhões de euros]. Para termos uma noção de quão simbólico é o valor devemos pensar na operação, há uns anos atrás, de compra da Portugália. Uma pequena empresa, com um buraco financeiro enorme, foi comprada pela TAP por 140 milhões de euros", exemplificou, nos passos perdidos do parlamento.
PCP condena venda por "bagatela"
O deputado do PCP Bruno Dias criticou, por sua vez, a venda anunciada da TAP por uma "bagatela", sublinhando tratar-se do "maior exportador nacional".
"O Governo revela bem ao serviço de que interesses está quando anuncia a venda, por 10 milhões de euros, uma bagatela, do maior exportador nacional. É uma decisão criminosa, uma traição do interesse nacional", afirmou o tribuno comunista nos passos perdidos do parlamento.
"É mentira, ao contrário do que alguns afirmam, de que não havia alternativa. Havia e há. O PCP apresentou propostas concretas para salvar a companhia de bandeira e a maioria PSD/CDS e, já agora o PS, não disseram uma palavra e fugiram ao debate para outra discussão genéricas", lamentou.
PSD destaca que maioria do investimento é de português
O vice-presidente da bancada social-democrata Luís Leite Ramos sublinhou que a maioria do investimento privado previsto para a TAP "é de um empresário português", ao comentar a decisão do Governo, nos passos perdidos do parlamento.
"A maioria do capital é de um empresário português. Este aspeto que foi tantas vezes reclamado e exigido - manter a companhia em mãos de investidores portugueses - hoje, infelizmente, ninguém reconheceu que este é um aspeto essencial pelo qual muitos se bateram e nós também", afirmou, escusando-se a precisar o valor e adiantando apenas que a sua fonte é "gente que acompanha o processo".
O deputado social-democrata congratulou-se ainda pela prevista compra de 53 novos aviões para a TAP por parte dos investidores, defendendo que esta "é a alternativa que permite à empresa garantir a estabilidade e a consistência do seu projeto de desenvolvimento, fundamental para aquilo de que o país precisa - uma companhia de bandeira, que continue a ter o 'hub' [base de operações] em Lisboa e, sobretudo, a ter um contributo muito importante para o desenvolvimento do turismo".