Críticos das opções do Governo, os economistas escolhidos por Passos Coelho para conselheiros foram claros a dizer que é preciso um OE "que sirva menos mal o país". O líder do PSD escutou as opiniões, mas só hoje falará publicamente, depois de ouvir Cavaco.
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A reunião com quase duas dezenas de economistas foi mais curta do que o previsto e, no final, houve poucas palavras aos jornalistas. Como seria de esperar, o conjunto dos convidados de Passos Coelho contestou o agravamento fiscal. Mais impostos, só depois de se conseguir cortar, de facto, na despesa.
Eduardo Catroga, Mira Amaral, João Salgueiro e Nogueira Leite, todos militantes do PSD, foram as únicas vozes que aceitaram falar aos jornalistas no final da reunião.
Reforçaram a crítica à opção dos socialistas de aumentar a receita como ponto de partida, mas deixaram expressa a ideia de que o PSD deve influenciar o próximo Orçamento do Estado.
"É sempre preferível haver orçamento, desde que não seja mau e eu acredito que, se houver negociação séria e não imposição do lado do partido do Governo, pode haver orçamento, menos mau."
Estas palavras do ex-ministro Eduardo Catroga surgem no mesmo sentido das de João Salgueiro.
"Não digo que é preferível não ter orçamento. É possível é ter um orçamento que sirva, o que é diferente. Se este orçamento não servir não adianta nada", disse o economista, no final da reunião, ao mesmo tempo que criticava a intenção do Governo de manter a construção do TGV.
No alvo dos sociais-democratas está também o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, que na segunda-feira esteve em Lisboa para apresentar recomendações para Portugal enfrentar a crise, que passam pelo aumento de impostos. Nogueira Leite, membro do Conselho Nacional do PSD, considerou que Gurria "fez um péssimo serviço" à OCDE, com "palavras absolutamente inaceitáveis". E lembrou que "esse senhor fez parte de um Governo que durante 70 anos teve o México sob mão-de-ferro".
É com estas armas que Passos Coelho vai ao Palácio de Belém. Ouvirá as preocupações do presidente sobre um eventual cenário de crise política, explicará por que razão rompeu a negociação prévia com Sócrates e, no final, está previsto que fale publicamente.