Paulo Macedo, CEO da CGD, alertou para os riscos ambientais com reflexo na economia, e Elisa Ferreira, Comissária Europeia, colocou o enfoque nas políticas de coesão como meio de derrubar barreiras.
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Subordinada ao tema “A Importância da Gestão dos Recursos Naturais para o Futuro do País”, a nova edição do “Encontro Fora da Caixa”, realizada em Faro, no Auditório da Caixa Geral de Depósitos - Campus de Gambelas, apontou o seu foco à gestão sustentável dos recursos naturais, com um olhar muito particular sobre a temática da escassez de água, um dos maiores desafios globais. Esta gestão é fundamental para garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento económico de um país, dependendo dela a preservação do meio ambiente e a prosperidade das futuras gerações.
Paulo Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, falou pouco de banca, mas sim “de tendências, com pessoas que tenham coisas relevantes para dizer”, tais como “as boas experiências dos empresários, que também queremos partilhar”. Dirigindo-se a Elisa Ferreira, enalteceu a sua “vida inteira dedicada ao serviço público”, sem esquecer que, se a Caixa está hoje no bom caminho, também a ela se deve. Sobre o tema da conferência, sublinhou que “a sustentabilidade não é uma questão opcional”, referindo o papel dos novos talentos e a consciencialização como parte da fundamental transformação.
Aludindo ao impacto dos riscos das práticas ambientais, sociais e de boa governança das empresas, lembrou que podem ser a génese da perda de recursos naturais, da migração involuntária, do desemprego e consequente recessão económica. “Os riscos ambientais são cada vez mais graves, prováveis e frequentes”. Sobre um ponto sempre do interesse dos algarvios, mostrou, no ecrã, como “os benefícios económicos do investimento sustentável na economia do mar são no mínimo cinco vezes superiores aos custos atuais”.
Elisa Ferreira, a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, não disfarçou o prazer de “falar na língua mãe” e vincou que o Algarve pode ser uma espécie de balão de ensaio daquilo que são os desafios para o futuro sobre o ambiente, debruçando-se, depois, sobre “Coesão: Um Bem Público Nacional e Europeu”, numa reflexão que, como disse, “extravasa o tema concreto da água, enquadrando-o na presença de Portugal na União Europeia”.
“Relembro que esta coesão é central à forma e ao sucesso como Portugal se integrou em toda a problemática nesta experiência da UE”, prosseguiu Elisa Ferreira. “A UE tinha de criar um instrumento que acelerasse o desenvolvimento e a capacidade competitiva de todas as regiões, sem provocar uma fragmentação e em que os ganhos deste modelo fossem visíveis e incorporados”.
“Ganhar” água é bom desafio
Para lá das apresentações levadas a cabo por Paulo Macedo e Elisa Ferreira, a conferência teve um curioso frente a frente entre Vera Eiró, presidente do Conselho de Administração do ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), e Joaquim Poças Martins, Professor e Secretário-Geral do Conselho Nacional da Água, moderado por Inês Cardoso. A temática da “Escassez de água: desafios para o futuro” animou o debate, em que o transportar da água de onde existe para onde não existe como um ganho de eficiência, a reutilização do precioso líquido e a dessalinização que urge levar a sério foram pontos defendidos por Vera Eiró. Já Poças Martins defendeu que não há razão para Portugal ter escassez de água, argumentando que as soluções do Pomarão-Alqueva e a dessalinização são uma estratégia adequada para “salvar” o Algarve.
Temas
Figuras
O reitor da Universidade, Paulo Águas, presidentes de câmara e muitos empresários e individualidades marcaram presença na conferência.
Economia
Rui Martins, diretor de Estratégia da Caixa Gestão de Ativos, falou das “Tendências económicas e dos mercados financeiros”, versando aspetos técnicos.
Análise
As experiências de um diversificado leque de especialistas a propósito da Gestão dos Recursos Hídricos foram também tema de conversa.