O deputado comunista Agostinho Lopes defendeu, esta quarta-feira, que o país vai ficar pior com o acordo com a `troika", que classificou como "um brutal pacote de austeridade" cujo objectivo é "salvar a banca" nacional e estrangeira.
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O dirigente comunista adiantou que comunicou ao ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira, a "rejeição" do PCP face ao plano e advertiu que os portugueses "vão perder muito mais que o 13º e o 14º mês".
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Agostinho Lopes disse que o documento contém "uma redução brutal do investimento público, o encerramento de serviços públicos, privatizações " a grande velocidade" incluindo "activos no estrangeiro da Caixa Geral de Depósitos que pode por em causa o apoio aos exportadores" e aumentos "da carga fiscal".
Questionado sobre se o acordo é um documento fechado ou se o Governo terá ainda margem de manobra, Agostinho Lopes respondeu que "as margens de manobra presentes [na documentação] são extremamente curtas para não dizer que não representam nada".
Como exemplo, o deputado referiu que o documento prevê que em 2012 "vão fechar 20 por cento das repartições de finanças no país".
Para Agostinho Lopes, que esteve acompanhado de José Lourenço e Ricardo Oliveira, da Comissão de Assuntos Económicos do PCP, o plano "é o caminho do desastre" e no fim "o país estará em piores condições, inclusivamente para pagar a própria dívida externa".
O deputado sublinhou que não há no documento "uma linha" sobre a necessidade de apoiar a produção nacional nem sobre a renegociação da dívida.
Agostinho Lopes destacou ainda que, segundo o documento, "a `troika" pretende impor uma reorganização administrativa do país, com junção administrativa de concelhos".
No global, o documento constitui "uma versão do PEC agravada", afirmando que "é completamente inaceitável".
Agostinho Lopes disse que há um conjunto de aspectos que constam no documento que "irão à Assembleia da República como propostas de lei".
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou na terça-feira à noite, numa comunicação ao país, que o Governo conseguiu um "bom acordo" com a 'troika' internacional com vista à ajuda financeira a Portugal. O empréstimo será de 78 mil milhões de euros durante três anos e inclui a recapitalização da banca, caso seja necessária.