O Governo socialista fixou na quarta-feira os serviços mínimos para a greve depois das propostas dos sindicatos e da associação patronal Antram terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluiriam trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.
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Em 15 de julho foi marcada nova greve pelos sindicatos Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), acusando a Antram de não querer cumprir o acordo assinado em maio. Também se associou à greve o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).
PCP solidário com trabalhadores, mas alerta com "alguns" radicais
O dirigente comunista Ângelo Alves manifestou hoje a solidariedade do PCP para com os "trabalhadores motoristas" e avisou "alguns" adeptos do "radicalismo" que podem prejudicar as negociações em curso e o próprio direito à greve.
"O PCP tem uma grande experiência em formas de luta, os seus ritmos... são determinantes para alcançar vitórias. Quando alguns põem em cima da mesa um radicalismo que dá pretextos para pôr em causa o direito à greve estão, de facto, a criar dificuldades ao desenvolvimento da luta consequente porque a luta não termina na segunda, terça-feira nem passado uma semana. É uma luta prolongada e não é apenas dos motoristas das matérias perigosas. Em termos gerais, é uma luta dos trabalhadores porque a politização que está a ser feita deste processo tem muito a ver com aquilo que é o presente e o futuro da luta de todos os trabalhadores portugueses", disse.
O dirigente comunista destacou como questão essencial que "há direitos dos trabalhadores motoristas que estão por cumprir", sendo a intenção do PCP, "em primeiro lugar, afirmar a sua determinação em continuar a intervir de forma solidária com os trabalhadores motoristas para que esses direitos sejam cumpridos, quer aqueles que ainda não estão consagrados no contrato coletivo de trabalho, quer os que já estão e que não estão a ser cumpridos por variadas empresas".
CDS defende alteração da lei dos serviços mínimos
"O CDS está disponível para discutir e propor uma alteração à lei dos serviços mínimos", disse o deputado Pedro Mota Soares, em conferência de imprensa, na Assembleia da República.
"Não é tolerável nós vermos ameaças, não é tolerável nós vermos neste momento alguns sindicatos a anunciarem, a dizerem que não estão disponíveis para cumprir serviços mínimos. Isso não é tolerável e a lei tem de assegurar que, a partir do momento em que os serviços mínimos são decretados eles são efetivamente cumpridos, garantindo que o país não para, garantindo que a nossa economia não para, garantindo que os portugueses podem continuar a fazer a sua vida em normalidade", sublinhou o deputado.
O antigo ministro considerou que a lei dos serviços mínimos "é antiga, feita para uma economia que era diferente da economia portuguesa de hoje" que é "aberta ao mundo e global".
"Como é obvio, o impacto de uma greve como estas na economia portuguesa hoje é tremenda", salientou.
PS considera alteração da lei dos serviços mínimos "extemporânea"
O deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro considerou que a proposta do CDS-PP de alteração da lei que regula os serviços mínimos em caso de greve é "prematura e extemporânea" e pediu serenidade relativamente à paralisação dos motoristas.
"Essa proposta do CDS é claramente uma proposta prematura e extemporânea", disse o deputado em declarações à agência Lusa, justificando que esta é uma época estival e tal proposta não pode ser feita "em cima de uma greve que suscita essa reflexão" e "com a Assembleia da República fechada, sem trabalhos parlamentares".
Para o PSD eleições não justificam "exercícios desproporcionados de autoridade"
O PSD alertou que a greve dos motoristas vai ameaçar seriamente os interesses do país e pediu ao Governo recato na mediação do conflito, considerando que a época pré-eleitoral "não pode ser aproveitada para exercícios desproporcionados de autoridade".
Numa nota enviada aos jornalistas e assinada pelo vice-presidente David Justino, o PSD aponta que "já não são só os interesses das partes envolvidas que poderão ser afetados", mas são "os interesses do país e dos portugueses que estão seriamente ameaçados".