Pedro Machado: "O aeroporto é fundamental em qualquer destino turístico do Mundo"

Maria João Gala /Global Imagens
Pedro Machado lidera a considerada "melhor região do turismo" do país. O Centro precisa, no entanto, de receber aviões para crescer e Monte Real é a solução desejada.
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Considerada pela Publituris a melhor região de turismo do país, o Centro tem vindo a aumentar o número de visitantes. Para o presidente da Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, de 52 anos, a região criou novos polos, mas ainda é preciso um aeroporto, defendendo a solução da Base Aérea de Monte Real.
O que significa este prémio?
É um motivo de orgulho e satisfação. Posiciona-nos entre pares junto de marcas como Lisboa, Algarve ou Madeira. E estar entre marcas mais maduras é sinal de prestígio. É ainda um ótimo indicador de confiança para as empresas da Região Centro.
O Centro é hoje uma região mais atrativa?
Sim. O Centro tinha, em 2012, 3,5 milhões de dormidas, hoje tem mais de sete milhões. Isso faz com que uma região menos conhecida esteja ao nível das melhores, ocupando cerca de 9% do fluxo turístico nacional.
A região deixou de estar tão dependente do Santuário de Fátima e da Universidade de Coimbra e gerou novos polos?
O Centro de Portugal tem um conjunto de ícones para além desses, que continuam a ser muito importantes. O Santuário de Fátima tem sete milhões de visitantes anuais e 1,2 milhões de dormidas, a Universidade de Coimbra ultrapassou as 500 mil visitas pagas. Há ainda a serra da Estrela, a Nazaré, Óbidos, Peniche, a ria de Aveiro, Viseu e a Região Demarcada do Dão. O Centro tem agora uma oferta mais estruturada.
Faz falta um aeroporto para a dinamização do turismo no Centro?
O aeroporto é fundamental em qualquer destino turístico do Mundo. Porto, Lisboa e Faro concentram mais de 75% das entradas no país. E há a força indutora de um aeroporto nas dinâmicas das regiões, pela entrada e saída de passageiros, o que induz no trabalho direto e nas dinâmicas criadas à volta. Por isso defendemos Monte Real, onde há uma base aérea. É uma solução económica e viável financeiramente, só seriam precisos 600 mil passageiros por ano e só em Fátima temos sete milhões de visitantes. Desenvolveria outras economias e seria uma alavanca muito forte para dinamizar esta região intermédia entre Porto e Lisboa.
Como se gerem as sensibilidades de uma região de turismo que abarca 100 municípios, sendo a maior do país?
É fácil quando se tem uma boa equipa e metas bem definidas no tempo e no espaço. Vamos lançar agora o novo plano de ação a 10 anos (20-30), onde vamos definir metas e fasquias e onde implicamos todos nessa condição. É uma gestão rigorosa, com recursos técnicos do melhor que se faz em Portugal.
Nesse período haverá uma Capital Europeia da Cultura em Portugal, em 2027, e há quatro candidatas no Centro. É importante trazê-la para a região?
É muito importante continuar a captar grandes eventos internacionais, que trazem maturidade, promoção, pessoas, receitas e aumentam a viabilidade da região. A Capital Europeia da Cultura valoriza os agentes locais. As quatro candidaturas do Centro - Coimbra, Aveiro, Leiria e Guarda - têm as suas especificidades e são mobilizadoras muito para além do perímetro dos seus municípios. Todas são agregadoras e perdeu-se, felizmente, o espírito que uma capital europeia é uma única cidade.
Faz sentido o Turismo continuar a ser uma Secretaria de Estado?
Sou dos que defende a criação de um Ministério do Turismo. Pela assunção clara do que é hoje a atividade mais exportadora do país, com cerca de 15 mil milhões de receitas anuais, e pela respeitabilidade que o turismo ainda não tem, considerada em muitos casos uma atividade menor.
