Primeiros-ministros espanhol e português querem desligar flutuações no gás dos preços da eletricidade, e Espanha defende resposta particular para aquela que é uma "ilha energética" na Europa.
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A situação dos mercados de eletricidade de Portugal e Espanha "merece uma consideração específica", defendeu nesta quinta-feira o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, à entrada para o Conselho Europeu que a partir desta tarde irá discutir a guerra na Ucrânia e medidas para minimizar o impacto da escalada de preços nos mercados energéticos.
"Há uma realidade muito específica que é a da Península Ibérica", referiu o líder espanhol, aludindo a uma "ilha energética" com apenas "3% de interconexão com o Norte da Europa".
Sánchez defendeu, em declarações aos jornalistas difundidas pelo sistema de informação do Conselho Europeu, que Lisboa e Madrid levam à reunião dos 27 uma solução com "qualidade técnica" e com "copyright" espanhol.
O primeiro-ministro português tem referido a intenção de impor tetos máximos nos preços de referência de gás, cobrindo-se o diferencial a preços de mercado, como forma de evitar o contágio dos preços do gás à fatura da luz dos consumidores. Não é claro, porém, como será suportada essa diferença.
O apelo a medidas particulares que atendam à situação ibérica foi apresentado esta tarde por Sánchez como uma resposta para situação de emergência, que não invalida outras soluções comuns que também serão discutidas: as aquisições conjuntas de gás e a reforma estrutural do mercado energético.
As propostas para o atual choque nos preços da energia deverão ser discutidas pelos líderes europeus amanhã, um dia depois da participação do presidente norte-americano, Joe Biden, na reunião dos 27.
O jornal Financial Times avança hoje que uma das novidades que deverá sair do Conselho Europeu será a disponibilidade dos Estados Unidos para fornecerem 15 mil milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito aos parceiros europeus (acesso pago), uma parte substancial do que será necessário para reduzir a dependência de gás russo em 50 mil milhões de metros cúbicos ainda neste ano. Um dos problemas a resolver será o da capacidade de importação, muita da qual disponível precisamente na Península Ibérica, que no entanto mantém fracas ligações com o Norte da Europa.