Cerca de meia centena de pensionistas e reformados encontram-se, nesta quinta-feira, concentrados em frente da Caixa Geral de Aposentações em protesto contra o cortes nas pensões, que consideram "ilegais e imorais".
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"Este protesto simbólico tem como objetivo dizer que estamos indignadíssimos com os cortes nas pensões", disse a agência Lusa Maria do Rosário Gama, presidente do APRe! - Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados, que promoveu a iniciativa.
A Caixa Geral de Aposentações, na Avenida 5 de Outubro, foi o local escolhido para o protesto porque "é aqui que, se os cortes forem para a frente, vai ser enterrado o Estado de direito", adiantou Maria do Rosário Gama.
Na concentração, onde muitos dos reformados envergam t'shirts pretas e brancas com a inscrição "Não somos descartáveis", as conversas baseiam-se nos impactos que os cortes nas pensões têm na vida dos idosos.
"Nós achamos que estes cortes, depois de uma vida de trabalho (...), são a violação total do princípio da confiança", sublinhou a presidente da associação.
Além dos cortes nas pensões, há a contribuição extraordinária de solidariedade, a sobretaxa de IRS e "o nível de vida que aumentou de forma brutal", sublinhou.
Rosário Gama contou muitas pessoas escrevem para a associação a contar que têm rendas que "se tornaram insuportáveis".
"As pessoas, neste momento, têm que optar entre casa, pão e saúde e isto é um drama que esta a atingir muitos pensionistas e reformados", disse, contando um caso que a deixou "impressionadíssima" de um senhor que lhe escreveu a dizer que só tinha duas soluções: a insolvência ou o suicídio.
Presente no protesto, Ana Marques disse à Lusa que "não sabe o que se passa na cabeça dos governantes", porque "não tem explicação" o estão a fazer aos reformados.
"Eu trabalhei muitos anos, descontei sempre, fui reformada com a lei que estava vigente e não há direito que nos estejam a fazer o que estão a fazer, não dignifica as pessoas. O país vai cair todo numa miséria", comentou.
A chorar, Ana Marques disse que tem uma "revolta muito grande": "Na minha família, tenho pessoas que estão a passar por graves situações. Tenho um filho licenciado que está emigrado há muitos anos e eu não posso perdoar isto aos nossos governantes".
Este sentimento de revolta é partilhado por Filomena Costa, considerando que os idosos são "a faixa social mais onerada no país".
"Dá a sensação que o Governo quer que morramos o mais depressa possível", disse a manifestante, adiantando que os idosos têm "cada vez menos qualidade de vida", porque têm de dar apoio à família.
Para Filomena Costa, estes cortes nas pensões são "uma injustiça", porque vão retirar aos reformados do Estado dinheiro que descontaram: "Eles não têm culpa que o Estado não tenha depositado o seu dinheiro".
"Só no período 1993-2003, se o Estado tivesse pago a CGA 23,75% das remunerações, a CGA com o excedente obtido, rentabilizado à taxa de 4%, teria agora uma reserva de 12.623 milhões de euros", sustentou, citando uma informação escrita num panfleto que estava a distribuir na concentração.
Durante o protesto, acompanhado por agentes da polícia, a associação entregou uma exposição/requerimento a dizer que, na sua perspetiva, que o corte de 10% nas pensões da Função Pública é inconstitucional.
"O tribunal decidirá mas, pelo menos, é ilegal"002C disse Maria do Rosário Gama.