Valor afetado pela perda de emprego com remuneração mais baixa. Subida maior nos setores fustigados pela crise.
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O salário médio bruto em Portugal, incluindo subsídios e todas as componentes, subiu em março para os 1227€, num crescimento homólogo de 3,1%, e numa tendência que continua a ser influenciada pela destruição de emprego entre os salários mais baixos.
O número de salários pagos diminuiu 2,5% num ano, com o alojamento, restauração, as atividades administrativas e os serviços de apoio a serem os mais penalizados. Foi também entre estes setores que mais cresceu a média salarial. Os dados têm em conta as retribuições a 4074,1 mil trabalhadores, segundo o Instituto Nacional de Estatística, com base em informação da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações.
O aumento da média salarial em 3,1% no 1.º trimestre representa, porém, um abrandamento face a dezembro, quando o salário médio bruto subia 3,9%. Já a média salarial sem subsídios estava em março em 1106€, crescendo 3,6% face há um ano. A média de salário-base cresceu 3,8% para 1041€.
Na análise da evolução salarial nas diferentes atividades económicas, o INE destaca o efeito estatístico de crescimento da média de remunerações nos setores mais afetados pela perda de emprego, e assinala que, em conjunto, turismo e serviços (onde se incluem limpezas ou agências de viagens) pagavam em março menos 12,8% em salários.
Efeito pandémico
"Os maiores aumentos da remuneração regular foram observados nas atividades administrativas e dos serviços de apoio (+6,3%) e nas atividades de alojamento, restauração e similares (+5,6%). O crescimento significativo desta remuneração, nesta última atividade, esteve em larga medida associado à alteração da estrutura salarial em consequência da redução em perto de um quinto (-19,8%) do número de trabalhadores, que se terá verificado, sobretudo entre os que tinham remunerações mais baixas. Efetivamente, o volume das remunerações pagas diminuiu nesta atividade 12,8% face ao mesmo período de 2020", refere.
Salários
Hotéis e restauração
Num ano, o número de salários pagos no alojamento e na restauração caiu 17,5%, para 251 mil. No mesmo período, a média salarial bruta total avançou 3,5%, para 815€, e a regular (sem subsídios) aumentou 5,6%, para 745€.
Administrativos
Nas atividades administrativas e serviços de apoio, havia em março menos 6,9% de salários pagos, para 297,3 mil. A média salarial total cresceu 5% para 860€, e o salário médio sem subsídios avançou 6,3%, atingindo 724€.
Indústria
Na indústria, o emprego caía em março 3,8%, para 663,6 mil trabalhadores, com a média salarial total a avançar 3,5% para 1115€.
Comércio
No comércio, pagavam-se já 640 mil salários, menos 2,6% que um ano antes, e a média salarial total bruta crescia 1,4% para 1086€.