Política orçamental foi complemente indisciplinada , diz chefe de missão do FMI
O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional em Portugal, Abebe Selassie, afirmou, esta quarta-feira-feira, que a política orçamental foi completamente indisciplinada nos últimos anos e que houve um falhanço no controlo e monitorização do setor privado.
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"A política orçamental foi completamente indisciplinada", afirmou o responsável, que falava durante uma apresentação na ordem dos economistas sobre causas e soluções para a crise económica e financeira de Portugal.
Na exposição onde apontava as causas da atual crise em Portugal, Abebe Selassie afirmou que a principal característica que distingue os problemas de Portugal dos restantes países da periferia europeia em dificuldades é a elevada alavancagem, tanto das empresas como das famílias.
"Um fator distintivo de Portugal era a elevada alavancagem do setor privado, algo que foi alimentado por mercados internacionais e bancos domésticos complacentes", afirmou.
O chefe da missão do FMI para o programa português sublinhou que por volta de 2000 as empresas já tinham uma elevada dívida e que isso acabou por atuar como um peso sobre o crescimento económico e a produtividade, e que isso demonstra um falhanço do controlo macroprudencial.
A dívida das famílias demonstra também um elevado crescimento no seguimento da adesão de Portugal à União Europeia e em especial ao euro, algo que também não terá tido a devida atenção das autoridades portuguesas.