O Porto foi o concelho português que perdeu menos empresas em 2011 em relação às que ganhou, porque a "limpeza" de sociedades começou mais cedo no norte, logo em 2010, explicou um especialista.
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O concelho do Porto posicionou-se em segundo lugar no ranking de concelhos com mais sociedades constituídas do país em 2011. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Porto registou um balanço negativo de 153 empresas, registando a criação de 1435 empresas (818 no 1º semestre e 617 no 2º semestre), e vendo desaparecer 1282 (247 no 1º semestre e 1.035 no 2º semestre).
Lisboa registou 3755 novas empresas: 2.096 no 1º semestre e 1.659 no 2º semestre, mas perdeu 5735.
"A desaceleração da atividade económica privada em Portugal começou a registar-se mais no norte e logo em 2010, ou seja já tinha sido feita limpeza antes de 2011", explicou o economista Óscar Afonso, professor na Universidade do Porto, que sublinha que este valor não significa que o concelho do Porto esteja de melhor saúde económica que Lisboa.
"Se analisarmos o período anterior certamente que o Porto é pior que Lisboa", referiu o especialista, acrescentando que em termos de "gastos públicos também houve uma grande desaceleração", fator que afeta muito mais Lisboa e Funchal, concelhos mais perto do poder central e regional.
Na zona norte, o concelho que mais novas empresas criou a seguir ao Porto foi o de Vila Nova de Gaia (732), mas em contrapartida perdeu 784, ficando com um défice de 52.
Na zona centro, Coimbra destaca-se por ter contabilizado 445 novas empresas, seguido pelo concelho de Leiria com 436.
No Alentejo, Beja é o concelho que com mais sociedades constituídas (104), mas perdeu 99.
No Algarve, o concelho com mais empresas criadas foi Loulé (263), que perdeu no mesmo período de tempo 348, seguido do concelho de Albufeira que ganhou 169 e perdeu 216, e Faro que ganhou 161 e perdeu 241.
Outros dos concelhos com mais empresas constituídas em 2011 foram Almada (509),Guimarães (429) e Feira (368).
O vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Rui Solheiro, comentou que estes dados do INE, sobre sociedades constituídas/dissolvidas, são um indicador da "política de austeridade" vigente.