
Num auditório familiar e preenchido, sobretudo, por jovens universitários, Armando Jorge Carvalho, presidente da Universidade Portucalense Infante D. Henrique (UPT), transmitiu a mensagem que, todos os anos, chega aos alunos deste estabelecimento de Ensino Superior corporativo: "não somos navegadores, mas tentamos descobrir. Dedicamos o nosso conhecimento e inovação à região de onde somos oriundos".
Atualmente, 2300 alunos frequentam o campus, inserido no polo universitário da Asprela. O edifício moderno contrasta com a maturidade da instituição que comemora, este ano, 26 anos. Ao contrário do que se verifica no ensino privado em Portugal, o número de candidatos não tem sido problema para a instituição, "neste momento podemos dizer que, financeiramente, temos a casa equilibrada", frisou Armando Carvalho.
Em diálogo com as empresas
Entre 2007 e 2011, a Universidade Portucalense cresceu 28% e, num ano em que o número de candidatos voltou a diminuir nas universidades particulares, o número de inscrições aumentou 16%. "É para nós um grande orgulho que seja o próprio mercado a reconhecer a capacidade de sermos agentes fundamentais do ensino superior".
O interesse crescente dos pais e alunos é justificado pela oferta multidisciplinar na formação e pela proximidade com o mundo empresarial. "Queremos ter um papel relevante no desenvolvimento económico, social e cultural desta região", reiterou o presidente da UPT. As parcerias com universidades e empresas têm fornecido pistas sobre as reais necessidades do mercado.
Para além dos 30 cursos conferentes de grau, os alunos procuram adquirir competências profissionais nas suas áreas preferenciais de atividade. Os cursos complementares têm como prioridade a especialização. Empresas/organizações de direito, tecnologias de informação e comunicação, educação e cultura fazem parte dos objetivos definidos, em 2011, pelo Conselho Estratégico da Universidade Portucalense, liderado pelo jurista António Lobo Xavier. "Apostámos na cultura e na economia criativa. Achamos que são áreas de conhecimento fundamentais num país que necessita de se redescobrir", explicou.
Informática gera emprego
A licenciatura em Informática da Universidade Portucalense é um dos cursos distinguidos pela elevada taxa de empregabilidade, de acordo com um estudo realizado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Apenas duas instituições de Ensino Superior privado - a UPT e o Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz - figuram na lista de cursos com mais facilidade de inserção no mercado de trabalho. Armando Carvalho lembrou ainda que "este é o único estabelecimento do Norte, com gestão privada e que não depende de subsídios, a merecer a distinção".
Um período áureo para a instituição fundada em 1986. A Universidade Portucalense fatura, atualmente, sete milhões de euros, mas já enfrentou fortes tempestades. Em 2004, a UPT também foi notícia mas não pelas razões que a distinguem hoje. Desentendimentos entre a direção da cooperativa que detém a universidade e a reitoria, relacionados com dívidas, deram azo a queixas na Polícia Judiciária e mancharam o nome da universidade privada.
Oito anos depois, a Portucalense renasce com um novo modelo de gestão e compromisso. "Chegámos aqui através de uma nova organização do funcionamento interno. Tivemos que recuperar e solidificar a situação patrimonial e financeira que estava em tendência negativa", esclarece o docente.
A instituição é ainda considerada uma das melhores médias empresas nacionais do Ensino Superior. No relatório anual da Central de Balanços do Banco de Portugal, destaca-se entre 19 entidades analisadas do mesmo setor. Ocupa o primeiro lugar no que respeita a ativos, o segundo lugar em termos de capitais próprios e a quarta posição no indicador referente ao volume de negócios.
"Há muita gente que ainda não conhece este edifício no Porto. Não é porque as nossas portas estão encerradas. Muitas universidades estão fechadas ao exterior, mas nós queremos precisamente o contrário".
Seguro propina anticrise
Os efeitos do desemprego e da crise económica também afligem os agregados familiares dos estudantes do ensino particular. As dificuldades financeiras dos encarregados de educação já levaram alguns estabelecimentos a optar pela dispensa de professores, enquanto outros acabam mesmo por encerrar.
Na Universidade Portucalense, a elevada procura não é tida como garantia. Para evitar o abandono dos cursos por falta de dinheiro, a Direção criou, há dois anos, um seguro propina que permite aos estudantes da Portucalense continuar os estudos em caso de situação de desemprego, incapacidade temporária, morte ou invalidez. "A responsabilidade social da instituição passa pelos próprios alunos, por isso fomos ao encontro de soluções que asseguram o pagamento das propinas em casos de desemprego de longa duração. Somos a primeira universidade a tê-lo", lembrou o atual presidente.
Outra solução, que pretende contornar as dificuldades económicas. é a bolsa de prestação de serviços. "A crise é complicada mas não adianta chorar. É preciso atuar e continuar a fazer bem. É o sonho que perseguimos para que o Norte continue cada vez melhor".
