O Estado colocou, esta quarta-feira, 2500 milhões de euros de dívida no mercado, o limite máximo indicativo, com as taxas de juros em duas das três linhas a descerem e no prazo mais curto a ficar igual ao último leilão.
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De acordo com o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), Portugal conseguiu colocar 1250 milhões de euros, metade do total, na linha com maturidade mais longa, 11 meses, pagando menos juros que na última emissão com prazo semelhante.
Para estes 1250 milhões de euros, a taxa de juro a pagar pelo Estado fixou-se nos 4,986%. Este é um valor consideravelmente abaixo da última emissão realizada com este prazo, que ocorreu precisamente no dia em que Portugal pediu formalmente ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional e à Comissão Europeia, no dia seis de Abril.
Na altura o resultado do leilão foi considerado muito negativo pelo Ministério das Finanças liderado pelo então ministro Teixeira dos Santos, tendo a taxa de juro sido fixada nos 5,902%, para uma colocação de 1172 milhões de euros.
No prazo a três meses, foram colocados 496 milhões de euros, à taxa de juro média de 4,346%, exactamente a mesma taxa fixada no último leilão para a mesma maturidade, que se realizou ainda no início do ano.
Na linha com maturidade a seis meses, o Estado colocou 754 milhões de euros a uma taxa de juro média de 4,740%, uma queda face ao último leilão com prazo semelhante, em que o juro fixado foi de 5,250% em 350 milhões de euros colocados.
A procura foi significativa no que diz respeito à dívida a três meses, ficando em 4,1 vezes a oferta, em 3 vezes a oferta no caso da dívida a seis meses e 2,1 vezes na dívida a 11 meses.
Num comentário ao leilão, desta quarta-feira, Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, sublinha que as taxas "embora em linha com as que são praticadas no mercado secundário, aliviaram um pouco" e que "a procura foi significativa", explicando que tal como os analistas previam as emissões de curto prazo "não sofreram com a descida de "rating" de Portugal na semana passada", mas o problema mantém-se no que diz respeito à dívida de longo prazo.
"O nosso problema não está na dívida de curto prazo, embora as taxas sejam elevadas para o que teríamos numa situação normal. O grande problema é na dívida de longo prazo, superior a um ano, e Portugal ainda não tem condições para regressar ao mercado", considera.