O diretor executivo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, afirmou, em entrevista publicada esta quinta-feira, que Portugal ainda não pediu para reembolsar o empréstimo concedido pelo FMI, mas que sabe que o Governo "está a pensar nisso".
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Numa entrevista ao "Market News International" divulgada pelo próprio Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês), Klaus Regling é questionado sobre se apoiaria Portugal caso fosse feito o pedido para reembolsar o empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de forma antecipada, à semelhança do caso da Irlanda.
"Portugal não fez tal pedido, mas sabemos que estão a pensar nisso. Veremos quando chegar o pedido. Poderá ser uma consideração semelhante. As taxas de juro portuguesas também caíram imenso. Estão abaixo dos custos dos empréstimos do FMI, mas a situação não é tão definida como na Irlanda. Por isso, veremos como é que a situação do mercado se desenvolve", disse o responsável do ESM.
O caso de Dublin, para Regling, era "muito claro", numa altura em que a Irlanda havia "atingido um ponto em que o financiamento de mercado era muito mais barato do que o empréstimo do FMI e, como tal, era no interesse de todos os outros credores, incluindo o Fundo Europeu de Estabilidade Financeiro [FEEF, que antecedeu o ESM], para ver se a Irlanda substituía empréstimos caros com outros mais baratos, porque isso fortalece a sustentabilidade da dívida".
Sobre a perspetiva que tem da zona euro atualmente, Regling afirmou que "os países que pediram empréstimos ao FEEF e ao ESM estão a sair-se bem" e que "se continuarem o seu processo serão as economias mais bem sucedidas da Europa".
"Outros países que não atravessaram programas têm de fazer melhor, em particular as maiores economias na Europa", acrescentou.
Há um mês, o ministro das Finanças irlandês considerou que Portugal não tinha vantagem em pagar antecipadamente o empréstimo do FMI, como a Irlanda quer fazer, mas que será uma boa estratégia no futuro se os juros da dívida continuarem a descer.
Michael Noonan disse, na altura, aos jornalistas, à entrada para a reunião informal do Eurogrupo, em Milão, que falou com a ministra da Finanças portuguesa sobre a intenção de Dublin de reembolsar antecipadamente cerca de 18 mil milhões de euros dos 22,5 mil milhões emprestados pelo FMI, no âmbito do programa de assistência internacional no valor global de 85 mil milhões de euros.
"Falei com Maria Luís Albuquerque e Portugal certamente apoia-nos. Acho que não é oportuno para Portugal fazer o mesmo por agora, mas poderá ter vantagem no futuro", afirmou o responsável da Irlanda pela pasta das Finanças, na altura.