
Portugal vai receber 14,9 mil milhões de euros no âmbito da quarta tranche do programa de assistência financeira da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) - mais 300 milhões do que o inicialmente programado.
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A diferença explica-se por motivos cambiais e, embora favoreça Portugal no envio desta tranche, pode representar custos adicionais quando for altura de pagar os empréstimos da 'troika'.
No total, Portugal deverá receber 78 mil milhões de euros em ajuda financeira da 'troika'. Dois terços deste valor correspondem a fundos da União Europeia - o outro terço vem do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ora, os créditos vindos do FMI não estão denominados em euros mas em SDR - sigla em inglês de "special drawing rights", a unidade monetária do Fundo, composta por uma média ponderada de quatro divisas (dólar norte-americano, euro, libra britânica e iene).
Os créditos recebidos do FMI variam de acordo com a "cotação" dos SDR; esta variação está influenciada sobretudo pela evolução do euro face ao dólar. Embora o euro se tenha valorizado nas últimas semanas face ao dólar, a sua cotação está atualmente a um nível inferior ao que se registava quando Portugal e a 'troika' assinaram o programa de assistência.
Assim se explica que enquanto o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciava que Portugal vai receber 14,6 mil milhões de euros (o valor definido no programa), a 'troika' enviava um comunicado a anunciar o envio de 14,9 mil milhões (o valor ajustado para a "cotação" dos SDR).
A diferença de 300 milhões de euros não pode contudo ser vista como um acréscimo nos empréstimos para Portugal; tal como o dinheiro recebido do Fundo está definido em SDR, também o montante que Portugal terá de pagar será estipulado segundo a unidade monetária do FMI.
Ou seja, há um "risco cambial" de que Portugal possa ter de pagar mais ou menos do que pediu ao FMI, dependendo de como evoluam os mercados cambiais.
