Portugal satisfeito com plano de assistência a Espanha mas promete ficar "vigilante"
Portugal está satisfeito com o sucesso do plano de assistência à banca espanhola, mas vai ficar "vigilante" quanto às condições acordadas com Madrid, para defender o "interesse nacional", disse quinta-feira o ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, no Luxemburgo.
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Espanha esteve no centro do debate entre os 17 ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), que decorreu quinta-feira, no grão ducado.
No dia em que o governo espanhol anunciou que os seus bancos precisam de até 62 mil milhões de euros para se recapitalizar, o responsável pela pasta das Finanças de Espanha acabou por não formalizar o pedido de ajuda aos parceiros europeus, o qual deverá ser apresentado até segunda-feira.
O ministro português das Finanças, Vítor Gaspar, que falava no final de uma reunião do Eurogrupo, sublinhou a importância de que o processo de ajuda europeia à reestruturação e recapitalização da banca espanhola se "desenvolva de forma rápida e bem sucedida", e, do ponto de vista português, isso é o fundamental.
O governante disse também que "é natural" que Portugal esteja "vigilante" quanto às condições que serão acordadas para Espanha, já que o tratamento semelhante para os Estados-membros é uma "regra fundamental" da União Europeia.
Espanha tinha já anunciado que os seus bancos precisam de uma recapitalização até 62 mil milhões de euros, um valor muito inferior ao máximo que Bruxelas se mostrou disposta a avançar, 100 mil milhões de euros. A ajuda será avançada pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e depois pelo Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), que deverá entrar em vigor a 1 de julho, segundo o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Olli Rehn, disse, por sua vez, que os trabalhos para a recapitalização dos bancos espanhóis deverão estar concluídos até 9 de julho.
"A decisão do Eurogrupo sobre o resgate do setor bancário espanhol será tomada até 9 de julho", afirmou o comissário, mencionando a data da próxima reunião dos ministros das Finanças da zona euro.
Em declarações no final da reunião, Luis de Guindos, ministro espanhol das Finanças, garantiu que o executivo de Madrid acordará com os seus parceiros europeus o memorando com os detalhes da ajuda ao setor bancário "nas próximas duas ou três semanas".
Segundo o ministro espanhol, as necessidades que a banca tem, de até 62 mil milhões de euros, quantificadas pelas consultoras Roland Berger e Oliver Wyman, depois de terem feito provas de resistência, "são perfeitamente manejáveis".
A Grécia, que elegeu no domingo um novo primeiro-ministro, Antonis Samaras, esteve também na ordem de trabalhos da reunião do Eurogrupo.
No final do encontro, Jean-Claude Juncker disse que a "troika" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) vai enviar uma equipa para Atenas na segunda-feira e que o FEEF vai desbloquear mil milhões de euros para a Grécia "até ao final do mês".
O novo Governo grego anunciou que a sua primeira tarefa é "rever as condições do memorando" de entendimento com os credores internacionais, "sem colocar em perigo o caminho europeu do país ou a sua manutenção no euro".
Atenas está a preparar-se para pedir aos credores internacionais mais dois anos para sanear as suas contas públicas, o que poderá implicar um novo empréstimo de 16 mil a 20 mil milhões de euros, avança a agência noticiosa grega Ana, citada pela France Presse.