Tudo o que os portugueses ganharem até domingo, 3 de junho, equivale, em média, aos impostos relativos ao ano de 2012, de acordo com um relatório da organização New Direction - Fundação para a Reforma Europeia.
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Em média, os portugueses têm de trabalhar 155 dias este ano para pagar os seus impostos, mais cinco dias do que em 2011, estando entre os 10 países dos 27 Estados Membros da União Europeia (UE) que menos dias têm de trabalhar para cumprir as suas obrigações fiscais e celebrar, assim, o Dia da Libertação de Impostos (DLI), um conceito que tem sido explorado nos últimos anos.
De acordo com o relatório "The tax burden of typical workers in the EU 27" ('O fardo fiscal dos trabalhadores médios na Europa a 27'), divulgado no final de maio, Malta é o país que menos dias tem de trabalhar (11 de abril), seguindo-se o Chipre (10 de maio), a Irlanda (11 de maio) e o Reino Unido (12 de maio).
Por oposição, os belgas são os europeus que mais dias têm de trabalhar para chegar ao DLI, dia a partir do qual o rendimento ganho já é para encaixe próprio e não para o Estado. Este ano, a Bélgica "comemora" o DLI apenas a 5 de agosto, um dia mais tarde do que em 2011.
França, Áustria e Hungria são os países que se seguem: os franceses trabalham até 26 de julho para chegarem ao DLI, os austríacos até 16 e os húngaros até 13 do mesmo mês, de acordo com um estudo que não olha apenas para as contribuições, receita fiscal e salários, não considerando subsídios e outros benefícios.
Os espanhóis, por exemplo, têm de trabalhar até 23 de junho para chegarem à libertação de impostos, mais quatro dias do que em 2011.
Na Grécia, esse dia chega a 31 de maio, enquanto em 2011 foi apenas a 12 de junho, 12 dias mais tarde, o que se deve a uma queda dos impostos mais acentuada do que a dos salários.
Já os italianos estão entre os que mais dias têm de trabalhar para pagar os seus impostos (até 3 de julho), mais um mês do que em Portugal, e mais dois dias do que em 2011.
Tomando a economia europeia como um todo, "os trabalhadores médios na UE viram a sua taxa real de impostos aumentar novamente este ano, dos 44,23% em 2011 para os 44,89% em 2012", lê-se no estudo, que justifica a trajetória com o aumento do Imposto de Valor Acrescentado (IVA) em 15 Estados Membros desde 2009, onde se inclui Portugal.
Outra conclusão do estudo: os países com políticas fiscais fixas ('flat taxes') oferecem um alívio considerável aos contribuintes, embora os impostos totais sejam mais altos nestes países (46,4%) do que nos que têm sistemas progressivos (43,3%).
De facto, os sistemas fiscais fixos são mais simples, o que facilita a confiança por parte dos contribuintes: "As suas baixas taxas, que não compensam o crime, levaram muitos comerciantes clandestinos a emergir como empresários legítimos", refere o documento.
A organização New Direction - Fundação para a Reforma Europeia, um 'think tank' criado em 2010 em Bruxelas, realizou o relatório "The tax burden of typical workers in the EU 27", em parceria com o Instituto Molinari.
Recorrendo a dados da consultora Ernst&Young, a New Direction usou a mesma metodologia para os 27 países da UE, tendo em conta os salários reais, as contribuições para a Segurança Social, os impostos sobre o rendimento, o rendimento líquido e o Imposto de Valor Acrescentado (IVA) de cada país.