No último dia de isenção de IVA para um cabaz de 46 produtos, os portugueses lamentam que a medida não seja prolongada e receiam uma subida acentuada dos preços. Alguns aproveitaram o dia para fazer compras ainda sem o regresso do imposto e com os alimentos mais baratos.
Corpo do artigo
No Pingo Doce do Amial, na Rua do Amial, no Porto, Paula Andrade, chegou cedo ao supermercado para comprar “alguns produtos essenciais” por saber que amanhã alguns irão subir de preços, na sequência do fim do IVA zero, medida que vigora desde abril. Ao JN, conta que no início do ano "tudo aumenta" e "com o fim do cabaz vamos sentir novamente no bolso”.
"O IVA zero ajudou a poupar bastante dinheiro que serviu para colmatar outras despesas. O custo de vida está muito elevado”, reconhece. Por isso, Paula Andrade defende que a medida deveria ser prorrogada “durante pelo mais meio ano". "Até as pessoas que trabalham estão a enfrentar muitas dificuldades e é sempre necessário comprar o principal para fazer uma boa sopa, uma boa refeição", detalha.
Já António Oliveira receia que o fim da medida faça disparar o preço de muitos produtos. “Vemos as grandes superfícies a ter lucros fabulosos e quem paga é o cidadão comum que necessita do básico como o pão, os legumes ou a fruta”. “O Governo devia manter a medida, principalmente para as pessoas mais necessitadas. Mas devia existir também maior fiscalização”, adverte.
Também José Guimarães, aponta que os alimentos estão mais caros: “O pão aumenta, o leite aumenta, mas os salários e as reformas ficam sempre na mesma”.
Descontos para atenuar subida de preços
Para fazer face ao fim da isenção do IVA, anunciada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, a 10 de outubro, algumas superfícies comerciais estão a levar a cabo algumas promoções para os consumidores não sentirem o inevitável aumento. É o caso das lojas Continente que estão com uma campanha de desconto de 15% em toda a loja até 7 de janeiro. O saldo fica alojado no cartão Continente e que ser utilizado entre 8 e 14 de janeiro de 2024. Tal como o JN noticiou, o fim da medida vai representar umaumento mínimo de cerca de oito euros nos produtos até agora abrangidos.
Ainda na rua do Amial, mas junto ao Continente Bom dia, Rosa Batista, conta que “nem sabia” que o IVA zero ainda estava em vigor. “Ninguém se vai aperceber de nada porque está tudo mais caro. Ainda agora fiz meia dúzia de compras e paguei mais de 60 euros. E só comprei um bocadinho de peixe e de carne. Das duas uma: ou tudo sobe ou temos cada vez menos dinheiro. Só compro mesmo o que preciso”, desabafa.
As inspeções levadas a cabo pela ASAE ao longo do período de vigência da medida em cerca de 2000 operadores económicos detetaram 174 situações de incumprimento da isenção de IVA, tendo levado á abertura de processos crime.
Recorde-se que a medida foi inicialmente pensada para vigorar até ao final de outubro, mas a tutela decidiu prolongá-la até 4 de janeiro. O cabaz com IVA zero abrange produtos como cebola, tomate, maçã, banana, pão, batata, arroz, ervilhas, frango, bacalhau, ovos de galinha, atum em conserva, leite de vaca, bebidas de base vegetal, azeite e manteiga.